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Obasanjo chega a Dacar para observar as eleições

21 de fevereiro de 2012

O ex-presidente nigeriano, chefe da missão da União Africana, chega esta terça feira à capital senegalesa, palco de manifestações contra a candidatura do chefe de Estado cessante, Abdoulaye Wade.

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A small group of anti-government protesters carries a banner reading 'The Senegalese Revolution said to liberate the people,' as police allowed them to hold a brief, peaceful march on a main boulevard in central Dakar, Senegal Monday, Feb. 20, 2012. Senegal is less than a week away from a crucial presidential poll and unrest is growing, after days of clashes between anti-government supporters and the police. Protests over the weekend spread from the capital's downtown core to a dozen neighborhoods and to the interior. (Foto:Rebecca Blackwell/AP/dapd).
Senegal Proteste RegierungFoto: AP

A chegada de Olusengun Obasanjo coincide com um novo apelo da oposição para a realização de mais uma manifestação, proibida pelas autoridades, em pleno centro de Dacar, onde no último fim de semana ocorreram várias cenas de violência entre manifestantes e forças da ordem. A polícia dispersou ao fim da tarde os manifestantes, utilizando gás lacrimogéneo.
O ex-presidente da Nigéria goza de um certo respeito no continente africano e já efetuou várias mediações. Daí que muitos analistas pensem que Obasanjo, para além de emissário do presidente da comissão da União Africana para supervisão das operações de voto, tem também uma outra missão que visa convencer o presidente Abdoulay Wade a retirar-se da corrida eleitoral. De facto, e segundo informações não confirmadas, Obasanjo poderá sugerir o adiamento do escrutínio previsto para o próximno domingo.

Olusegun Obasanjo: o ex-presidente da Nigéria goza de um certo respeito no continente africano
Olusegun Obasanjo: o ex-presidente da Nigéria goza de um certo respeito no continente africanoFoto: AP

Observadores senegales exprimem ceticismo

No Senegal a chegada de Olusegun Obasanjo, é registada com algum ceticismo por parte dos observadores políticos: o conceituado sociólogo Aboubacar Barro, em entrevista à DW Africa, questiona: "Porque é que a União Africana não interviu há mais tempo? Agora estamos a poucos dias da eleição e é difícil tentar convencer os protagonistas. Será portanto difícil para uma personalidade como Obasanjo cumprir uma missão deste género."

Por sua vez, o Presidente da secção mauritaniana do Gerddes, Grupo de Estudos e pesquisa sobre a democracia e o desenvolvimento económico e social em África, Diabira Maroufa, defende que nunca é tarde para encontrar uma saída para a crise senegalesa. Pelo contrário: "é necessário encontrar uma saída, antes que a violência aumente. Imaginemos que na primeira volta o candidato Wade ganhe a eleição. Isso vai resultar em quê? Estou convencido que no próprio dia da eleição Abdoulaye Wade pode retirar-se da corrida."

Muitos peritos internacionais observam eleições senegalesas

Trezentos observadores estrangeiros seguirão este escrutínio considerado de alto risco. A missão de observadores da UA, dirigida por Obasanjo, é composta por cerca de 40 membros, incluindo parlamentares, especialistas eleitorais e atores da sociedade civil africana. Por seu turno, a União Europeia terá no terreno 90 membros, enquanto que a CEDEAO, Comunidade económica dos Estados da África Ocidental, enviará 150 observadores dirigidos pelo ex-Primeiro ministro togolês Koffi Sama.

Abdoulaye Wade: a sua candidatura é considerada "ilegal" pela oposição
Abdoulaye Wade: a sua candidatura é considerada "ilegal" pela oposiçãoFoto: dapd

Esta nova candidatura de Wade é considerada "ilegal" pela oposição, para quem o presidente cessante esgotou os seus dois mandatos legais. Os apoiantes de Wade, por sua vez, afirmam que as reformas introduzidas na Constituição em 2001 e 2008 lhe dão o direito de estar novamente na corrida presidencial.

Autor: António Rocha /António Cascais
Edição: Helena Ferro de Gouveia