ONU defende atual cronograma de eleições na Guiné-Bissau
23 de janeiro de 2014
No dia em que termina a visita oficial de quatro dias à Bissau do embaixador António Patriota, representante do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, o representante residente da ONU, José Ramos Horta, teceu duras criticas à actuação das forças de defesa e segurança guineenses.
Ramos Horta comentou o incidente da última quinta-feira (16/1), no qual policiais e guardas armados tentaram efetuar buscas nas instalações da ONU em Buba, no sul na Guiné-Bissau, alegando que ali estaria escondido o primeiro-ministro deposto, Carlos Gomes Júnior. Horta disse que o acesso da unidade da ONU aos militares foi negado.
"Telefonou-se ao comandante que deu a ordem para todos irem embora porque não podem revistar um escritório da ONU. Eles obedientemente foram-se embora prometendo que isto nunca mais iria acontecer."
Para Ramos Horta, os atores da segurança pública guineense acabam sendo vitimas dos próprios rumores. "Eles vieram e disseram que queriam revistar porque ouviram dizer que o senhor Carlos Gomes Júnior estava ali. Isso só cabe na cabeça de quem não tem nada para fazer e fica a inventar coisas", criticou Horta.
Eleições representam um desafio
O Prêmio Nobel da paz falou em uma conferência de imprensa conjunta com o presidente do Grupo Encarregue da Guiné-Bissau junto à Comissão da ONU para a Consolidação da Paz, Antônio Patriota, que visitou a Guiné-Bissau nesta semana.
O diplomata Brasileiro leva para o Conselho de Segurança das Nações Unidas os esforços das autoridades de transição em realizar as eleições gerais, apesar das enormes dificuldades encontradas até agora no terreno.
"A minha ênfase na impotância de se manter o cronograma eleitoral foi objeto de um consenso internacional que eu transmito aos diferentes interlocutores. A partir dos depoimentos que eu ouvi, vejo que o recenseamento está seguindo de forma acelerada, a CNE tem noção de sua responsabilidade e a nossa expectativa é de que seja mantido este calendário", salientou Patriota.
De acordo com o diplomata brasileiro, a visita proporcionou consultas com os intervenientes nacionais e parceiros da comunidade internacional, com o fim de ser melhorado o papel da ONU no apoio à estratégia pós-eleitoral para a consolidação da ordem constitucional na Guiné Bissau.
Apoio a diversos sectores
"O fundamental neste momento é o reestabelecimento da ordem constitucional, o processo eleitoral, para que a cooperação internacional possa ser retomada dentro de um novo espírito", destacou.
O embaixador António Patriota lembrou, entretanto, que vários sectores deveriam receber um apoio pós-eleitoral concreto na Guiné-Bissau. É necessário o "fortalecimento da capacidade institucional do país em diferentes áreas - tanto gestão pública como setores específicos ligados a agricultura, desenvolvimento económico, direitos civis e políticos, direitos económicos sociais e culturais. Como também existe aqui a necessidade de assistência para melhoria da infra-estrutura e da economia de um modo geral".
Da parte das autoridades guineenses, Fernando Delfim da Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, diz que há um esforço considerável da equipa dirigente visando melhorar a imagem externa do país.