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OPA de Isabel dos Santos sobre Portugal Telecom causa apreensão

João Carlos (Lisboa)11 de novembro de 2014

Empresária angolana acaba de lançar uma oferta pública de aquisição voluntária (OPA) sobre a Portugal Telecom SGPS, no valor de 1,2 mil milhões de euros. Os trabalhadores estão apreensivos quanto ao futuro da empresa.

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Foto: picture-alliance/dpa

O objetivo da oferta lançada pela Terra Peregrin sobre a PT SGPS é ter uma participação relevante na empresa de telecomunicações brasileira Oi, minoritária e não de controlo, e garantir a unidade do grupo PT, explicou o porta-voz da empresária angolana Isabel dos Santos.

A operação anunciada no domingo (09.11) surge dias depois de a ZOPT, controlada pela filha do Presidente de Angola e a portuguesa Sonae, terem manifestado interesse em participar numa solução para a PT Portugal, sob o controle da brasileira Oi.

A recém anunciada oferta de compra da Portugal Telecom pelo grupo francês, Altice, por 10 mil milhões de euros, despertou o mercado para o valor financeiro e estratégico da companhia portuguesa de telecomunicações controlada pela Oi.

Movimento “Resgatar a PT”

“É uma alternativa e poderá até haver outras”, afirma João Cravinho, um dos signatários do movimento “Resgatar a PT”, em reação à intenção da empresária angolana e da portuguesa Sonae.

Num apelo lançado recentemente para pedir o resgate da PT, 14 personalidades portuguesas alertam para “a gravidade da situação” da empresa de telecomunicações ”, alegando que está em causa “o interesse nacional”.

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“Neste mundo dos negócios os diferentes investidores têm perspetivas e planos diferentes e, portanto, há margem de manobra e oportunidade para ponderar o que é melhor para o futuro da PT” no contexto português de desenvolvimento de competências e até de novas internacionalizações, explica o antigo ministro socialista das Obras Públicas.

João Cravinho considera que as telecomunicações são um setor estratégico demasiado importante para ser considerado como um mero negócio financeiro, sendo igualmente importante preservar os ativos em África para não se perder tudo.

Neste âmbito, o ex-ministro não contesta a intenção da proposta da Altice. “Tem a vantagem, pelo menos, de ser um negócio em que a parte de Angola é absolutamente determinante do ponto de vista dos interesses de Isabel dos Santos, que é uma das investidoras potenciais.”

Com a OPA voluntária, lançada através da Terra Peregrin – sociedade detida por Isabel dos Santos –, a empresária angolana diz que tenciona manter as grandes linhas estratégicas definidas pelo conselho de administração da PT SGPS e os objectivos inerentes aos acordos celebrados entre esta e a Oi.

A empresa brasileira, que já recebeu uma proposta da Altice para vender a PT Portugal, anunciou que pretende alienar a posição detida na Unitel, operadora angolana igualmente controlada por Isabel dos Santos.

Sindicatos atentos

Atentos a todos os cenários, e em defesa dos postos de trabalho, os sindicatos dos trabalhadores da PT também apresentaram propostas, depois de uma reunião realizada na semana passada.

Handynutzung in Brasilien
A empresa de telecomunicações brasileira Oi diz que condições estipuladas por Isabel dos Santos são "inaceitáveis"Foto: Antonio Scorza/AFP/GettyImages

Francisco Gonçalves, da Comissão dos Trabalhadores, receia a partilha pelos interessados dos vários segmentos de negócio da PT, detentora de uma participação acionista de 75% na Africatel, envolvendo os 25% que tem na Unitel, de Isabel dos Santos.

“O que nos preocupa acima de tudo é o projeto, não é a nacionalidade”, explica Francisco Gonçalves. “Entendemos que a SGPS, que ainda é o maior accionista da Oi, que por sua vez tem 100% da PT Portugal, deve dar um sinal inequívoco de que não está interessada em vender a PT Portugal. E deve estar interessada em recomprar a PT Portugal, trocando a participação que tem na Oi de 37% pela PT Portugal.”

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