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Opositor pede novos protestos contra Mugabe

mjp / AFP, AP, LUSA15 de julho de 2016

O pastor Evan Mawarire é a nova cara da contestação popular no Zimbabué. Um dia depois de ser libertado, apelou à continuação dos protestos contra o regime do Presidente Robert Mugabe, no poder desde 1980.

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Foto: picture-alliance/AP Photo/T.Mukwazhi

Desconhecido do grande público até há alguns meses, Evan Mawarire é o líder de um novo movimento cívico contra o Governo do Zimbabué, chefiado por Robert Mugabe e acusado frequentemente de corrupção, injustiças e abuso de poder.

O pastor de 39 anos apelou à paralisação do país no Facebook. Evan Mawarire tem usado as redes sociais para mobilizar os militantes anti-Mugabe.

Simbabwe Aktivist Mawarire ist frei
Apoiantes de Evan Mawarire celebraram a sua libertação nas ruas de HarareFoto: Privilege Musvanhiri

"A greve geral continua. Passem a mensagem a todos que conhecem, enviem-lhes vídeos, mensagens no WhatsApp e digam-lhes que o pastor disse que a greve continuava", afirmou o ativista num vídeo. "Enviemos esta mensagem clara ao nosso Governo: o que basta, basta".

Evan Mawarire lançou este apelo aos zimbabueanos depois de ser detido na terça-feira (12.07) e de se apresentar em tribunal na quarta-feira, acusado de subversão e tentativa de derrubar um Governo constitucional. O juiz arquivou o processo e o pastor foi libertado. Mawarire foi acolhido por centenas de apoiantes à saída do tribunal. "Está a formar-se uma revolução. [Esta libertação] demonstra esforços consolidados da Justiça para condenar a opressão, a ditadura e a ilegalidade", disse à imprensa um advogado que presenciou o momento.

Contra a corrupção e pobreza

O pastor Mawarire tem levantado a voz contra a corrupção, a injustiça e a pobreza no Zimbabué, um país mergulhado numa crise económica há mais de uma década. Cerca de 90% dos trabalhadores não têm emprego formal. Os bancos dispõem de pouco dinheiro e o Estado tem-se atrasado a pagar os salários aos funcionários públicos.

Simbabwe Präsident Robert Mugabe
Presidente zimbabueano, Robert MugabeFoto: Getty Images/AFP/J. Njikizana

A 6 de julho, o ativista apelou a uma greve geral - a maior paralisação da última década contra o Governo. Esta quarta e quinta-feira, organizou uma nova greve, que não teve uma grande adesão, segundo a agência de notícias France Presse.

À saída do tribunal, na quarta-feira, Evan Mawarire prometeu não baixar os braços. "O Governo não pode continuar a abusar dos cidadãos e sair ileso", afirmou.

"Temos uma voz. Vamos continuar a consultar os cidadãos sobre o caminho a seguir, não desistimos. Estivemos calados demasiado tempo. Não violámos nenhuma lei. O Governo intimida-nos e prende-nos para ficarmos em silêncio e nós dizemos que já chega".

O Presidente zimbabueano completou 92 anos de idade em fevereiro e recusa-se a abandonar o poder. Mugabe anunciou que pretende recandidatar-se à Presidência nas eleições de 2018.

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