Oposição angolana quer que MPLA tome posição contra FRELIMO
24 de outubro de 2024O Estado angolano ainda não se pronunciou sobre a situação pós-eleitoral em Moçambique, nem condenou o duplo homicídio em Maputo. A oposição exige que Luanda tome uma posição. No entanto, João Malavindele, da ONG Omunga, duvida que isso aconteça, afirmando que "a experiência" da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder) serve de exemplo para o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder desde a independência, em 1975.
Em entrevista à DW África, João Malavindele, coordenador da ONG Omunga, explica que o silêncio de Angola se deve à semelhança entre as formas de manutenção do poder do MPLA e da FRELIMO. Desde o assassinato de Elvino Dias e Paulo Guambe, na última sexta-feira (18.10), o Governo de Luanda ainda não condenou o duplo homicídio.
Para Malavindele, "a experiência de um serve como experiência para o outro". Ele afirma que "quer seja positiva ou negativa, desde que sirva para a manutenção do poder, cada uma das forças políticas acolhe de bom grado. Se repararmos, as eleições em Moçambique foram livres e pacíficas, mas não foram transparentes".
Organizações como as Nações Unidas, a União Europeia, a União Africana e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) já condenaram a violência em Maputo. Em Angola, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição, já se pronunciou, e nesta quarta-feira foi a vez da Frente Patriótica Unida (FPU), através do seu coordenador Adalberto Costa Júnior.
"A Frente Patriótica Unida condena, nos termos mais veementes e enérgicos, os assassinatos políticos do Dr. Elvino Dias, assessor jurídico do candidato presidencial moçambicano Venâncio Mondlane, e do Dr. Paulo Guambe, mandatário do partido Podemos, ocorridos no dia 19 de outubro de 2024."
Oposição exige posição do MPLA
A FPU, que integra a UNITA, o PRAJA-Servir Angola e o Bloco Democrático, pede que Luanda também se pronuncie sobre a situação pós-eleitoral em Moçambique. "A Frente Patriótica Unida insta as instituições angolanas a se pronunciarem sobre os atentados contra a vida, a restrição das liberdades de manifestação e a distorção da verdade eleitoral".
No entanto, Malavindele duvida que Angola vá se posicionar sobre Moçambique.
"Devido à proximidade entre o MPLA e a FRELIMO, duvido muito que o MPLA venha publicamente dizer algo que coloque em causa a manutenção da FRELIMO no poder em Moçambique."
A DW África tentou contatar o partido no poder e a Presidência da República de Angola, mas sem sucesso.