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PAIGC e PRS divididos

Braima Darame (Bissau) / Lusa8 de janeiro de 2016

Esta quinta-feira (07.01), as duas principais bancadas do Parlamento guineense não chegaram a acordo quanto a uma data para voltar a discutir o Programa do Governo. Sociedade civil está preocupada com crise política.

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O "Palácio Colinas de Boé" é sede da Assembleia Nacional Popular - ANPFoto: DW/F. Tchumá

Os dois maiores partidos no Parlamento guineense não chegam a consenso. Depois de o Programa do Governo não ter obtido votos suficientes para ser aprovado a 23 de dezembro, o maior partido da oposição, o Partido da Renovação Social (PRS), exigiu que se fizesse a reapreciação do Programa esta quinta-feira, 7 de janeiro, mas isso não aconteceu.

O PRS e o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder) não se entendem no que concerne à interpretação do conteúdo do regimento do Parlamento: A reapreciação deve ser feita no prazo de quinze dias úteis ou de quinze dias, incluindo fins-de-semana e feriados?

Nas contas feitas pelos renovadores, o prazo terminaria agora. O PAIGC não concorda, exigindo a reapreciação do Programa do Governo apenas a 18 de janeiro. O PRS retorquiu, entretanto, que a próxima terça-feira, dia 12, seria uma data "razoável".

Esta quinta-feira (07.01), perante o desacordo entre as bancadas, o presidente em exercício do Parlamento guineense, Inácio Correia, suspendeu os trabalhos para o dia seguinte: "Dou às duas bancadas até à meia-noite de hoje para que cheguem a um entendimento quanto à data."

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O desentendimento surgiu depois da mesa da presidência do Parlamento marcar a reapreciação do Programa do Governo para 21 de janeiro. Se o Programa for novamente rejeitado, o Governo cai.

Fim da crise na Guiné-Bissau difícil de prever

Na opinião de vários observadores atentos à política guineense, a crise agora dominada por disputas partidárias está longe de ser ultrapassada. O desentendimento entre PAIGC e PRS deixa antever uma acesa luta pelo poder na Guiné-Bissau nos próximos meses.

Domingos da Fonseca, que lidera a organização da primeira Conferência Nacional de Reconciliação, diz que ficou provado que os políticos colocaram os interesses pessoais acima dos da nação.

Parlament in Guinea-Bissau
Sessão do Parlamento em BissauFoto: DW/B. Darame

"São jogos de interesse que minam o nosso mundo político", afirmou.

O vigário da diocese de Bafatá, leste do país, acrescentou que "tudo o que nós vivemos hoje são as consequências das carreiras políticas. Não é outra coisa."

Organizações da sociedade civil guineense também se mostram preocupadas com a situação de incerteza no país.

"As organizações da sociedade civil exortam os titulares dos cargos políticos no sentido do melhor cumprimento das missões que lhes são confiadas, ao serviço do interesse público e dos cidadãos, no âmbito do Estado de direito democrático", disse Jorge Mendes, presidente do Movimento Nacional da Sociedade Civil.

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