1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Órgão do PAIGC poderá sancionar presidente do Parlamento

Lusa | bd
5 de dezembro de 2020

O conselho de jurisdição do PAIGC já abriu um inquérito sobre "denúncias feitas por militantes e estruturas do partido" contra a alegada má conduta do vice-presidente."O processo disciplinar poderá sancionar o Cassamá".

https://p.dw.com/p/3mGVS
Cipriano Cassamá
Foto: Braima Darame

O presidente do Parlamento da Guiné-Bissau e vice-presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) disse esta sexta-feira (04.12.) ter sido notificado pelo Conselho de Jurisdição e Fiscalização do partido sem "nota de culpa".

Num comunicado à imprensa, divulgado pelo seu gabinete no PAIGC, é referido que Cipriano Cassamá foi notificado para ser ouvido pelo Conselho Nacional de Jurisdição e Fiscalização num âmbito de um inquérito em curso na sequência de uma "denúncia feita por militantes e estruturas do partido".

O gabinete de Cipriano Cassamá salienta que audição foi convocada sem que tenha sido transmitida ao vice-presidente do PAIGC qualquer "nota de culpa", nem uma discrição do "facto ou circunstância violadora dos estatutos".

"Não pode deixar de causar estranheza e preocupação que após ameaças públicas de sanções, num momento extremamente delicado do país e da vida interna do partido, em que militantes, responsáveis, dirigentes e estruturas sociopolíticas se multiplicam em esforços para revitalizar e relançar as atividades políticas, alguns camaradas persistam na lógica da intriga, conflito e crispação interna", pode ler-se na nota de imprensa.

Cassamá pode ser sancionado

O gabinete de Cipriano Cassamá sublinha também suspeitar que o "alegado processo disciplinar tem por finalidade suspender e sancionar o vice-presidente" para que não possa conduzir os trabalhos dos órgãos da direção superior.

Guinea Bissau 1. Parlamantssitzung nach Krise Cipriano Cassama
Cipriano Cassamá é vice-líder do PAIGC e presidente do Parlamento Foto: DW/B. Darame

Num outro comunicado à imprensa, o antigo primeiro-ministro e dirigente do PAIGC, Artur Silva, disse ter recebido também uma notificação do Conselho Nacional de Jurisdição e Fiscalização, tendo sido ouvido na terça-feira (01.12).

Artur Silva explica que está a ser alvo de um processo disciplinar por parte do partido por ter aceitado o cargo de primeiro-ministro, para o qual foi nomeado em 2018, e o cargo de secretário-geral da Agência de Gestão e Cooperação, funções que exerceu entre janeiro e maio de 2018.

"Não se sabe, mas tudo leva a crer, que ao posicionar-me como uma das vozes inconformadas com a não convocação dos órgãos estatuários do PAIGC devido ao atual estado de funcionamento das diferentes estruturas do PAIGC, pode estar na origem desta súbita e inexplicável audição, tendo por alegado fundamento acontecimentos ocorridos há quase três anos, com a intenção de condicionar a minha liberdade de opinião e participação ativa na vida do partido", escreve Artur Silva.

"Possíveis atos de traição por parte de dirigentes"

Artur Silva neuer Premierminster von Guinea-Bissau
PAIGC está a investigar também o antigo primeiro-ministro Artur Silva Foto: DW/B. Darame

Tanto Cipriano Cassamá, como Artur Silva, são membros do "bureau" político do PAIGC. Fonte da presidência do PAIGC explicou à Lusa que o Conselho Nacional de Jurisdição e Fiscalização é o "olho do partido".

Segundo os estatutos do partido, aquele conselho está encarregado de "velar pelo cumprimento das disposições constitucionais, legais, estatuárias e regulamentares por que se rege o partido".

Em outubro, numa mensagem nas redes sociais, o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, que se encontra há vários meses em Portugal, afirmou estar a receber mensagens para "possíveis atos de traição por parte de dirigentes" do seu partido.

Sem especificar de quem se trata, Domingos Simões Pereira referia-se a pessoas que teriam passado para o campo do seu adversário, Umaro Sissoco Embaló, Presidente da Guiné-Bissau e vencedor das presidenciais, na sequência de um contencioso eleitoral que o líder do PAIGC afirmou ter terminado.

Alegado mal-estar no PAIGC

"Estou a receber informações nesse sentido, mas tenho de dizer que se é verdade que há pessoas, dirigentes, a serem comprados, por causa da traição, então isso significa que nunca estivemos juntos", observou o presidente do PAIGC.

Rumores nos círculos políticos de Bissau apontam para a existência de um alegado mal-estar entre dirigentes do PAIGC, partido vencedor das últimas eleições legislativas, mas agora na oposição, e o líder, Domingos Simões Pereira.

Segundo fontes que recusam identificar-se, alguns dirigentes estariam em negociações com Sissoco Embaló, que nunca escondeu o seu desejo de ver o PAIGC no Governo por si formado, integrado por vários partidos, e que é liderado pelo primeiro-ministro, Nuno Nabian.

O PAIGC deverá reunir sábado a comissão permanente do partido.

Guiné-Bissau: Que lições tirar das últimas presidenciais?

Saltar a secção Mais sobre este tema