PAIGC volta a propôr Simões Pereira para primeiro-ministro
17 de agosto de 2015Publicidade
O Presidente da República da Guiné-Bissau José Mário Vaz pediu ao Partido Africano da Indepêndencia da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) que indicasse um nome para o cargo de primeiro-ministro. Ao princípio da tarde desta segunda-feira (17.08), o PAIGC voltou a propôr o nome de Domingos Simões Pereira.
Já esta manhã, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Guiné-Bissau apelou ao Presidente da República que aceite o nome que o PAIGC propôr. A DW África entrevistou o analista Jamel Handem (JH).
DW África: Caso o chefe de Estado aceite o nome de Domingos Simões Pereira, o que isso significa para a imagem e credibilidade de José Mário Vaz ?
Jamel Handem (JH): O que isso iria significar é difícil responder porque isto é sempre uma faca de dois gumes. Provavelmente, para o Presidente representaria um recuo nas suas decisões e na motivação que o levou a despedir o Governo do engenheiro Simões Pereira. Sairia fragilizado da sua própria governação, enquanto Presidente da Republica.
Jamel Handem (JH): O que isso iria significar é difícil responder porque isto é sempre uma faca de dois gumes. Provavelmente, para o Presidente representaria um recuo nas suas decisões e na motivação que o levou a despedir o Governo do engenheiro Simões Pereira. Sairia fragilizado da sua própria governação, enquanto Presidente da Republica.
DW África: Acha que o Presidente entrou num beco sem saída com esta demissão do primeiro-ministro?
JH: Ainda não, acho que o Presidente tem ainda a possibilidade de encontrar soluções que sejam constitucionais. Agora do ponto de vista político, penso que ele vai ter muitos problemas de manter a sua posição se não aceitar de volta o engenheiro Simões.
DW África: Domingos Simões Pereira tem um percurso diplomático reconhecido, foi secretário executivo da CPLP. Na mesa redonda com os doadores da União Europeia (UE), ainda este ano, onde a Guiné-Bissau obteve um grande financiamento, ele teve um papel preponderante. Que é que isto significa no contexto de medição de forças com o Presidente da República?
JH: Nesse aspeto não há duvidas que a comunidade internacional, com a continuidade de Domingos Simões Pereira, teria garantias para que os deputados da mesa redonda pudessem sentir confiança da Guiné-Bissau. Não sei até que ponto a comunidade internacional poderá contar com as promessas que se fizeram na mesa redonda. Contudo, ouvi o representante da UE a dizer que estão a espera do novo governo e que esta situação não iria comprometer estas receitas prometidas.
DW África: E ao nível interno qual é o peso que isso representa para a população que depositava uma certa esperança neste novo elenco?
JH: Eu acho que ao nível interno tem mais peso. Porque um dos maiores sucessos do governo de Domingos Simões Pereira foi esta mesa redonda que realmente criou esperanças e cuja visão foi amplamente partilhada pelo governo. Uma partilha que no ponto de vista foi interiorizada. Neste momento esta situação é uma desilusão total. É uma quebra total dessa esperança e da confiança que estava a renascer.
DW África: Acha que esta crise pode levar as partes a recorrerem a apoio militar?
JH: A intervenção militar esta fora de causa, porque qualquer uma das partes está a procurar soluções políticas e legais. Não estou a vislumbrar uma intervenção militar.
DW África: Sabe qual é posição dos militares agora?
JH: Até este momento não conseguimos ter uma ideia qual é a posição dos militares. O que estamos a constatar é que eles não estão a intervir. Estão a cumprir o seu papel, a tentar manter uma certa equidistância desta situação que eles consideram ser meramente um conflito institucional e dos órgãos de soberania.
DW África: Rever o sistema de governação na Guiné-Bissau seria um contributo para diminuir as crises políticas recorrentes?
JH: Há uma necessidade para rever a nossa Constituição porque tem muitas lacunas. Sobretudo quando há estas crises, às vezes ficamos na dúvida sobre o que é ou não constitucional. Agora em termos de sistema presidencial, não vejo que isso venha trazer algo de novo porque o problema são os homens. Quando os homens querem aplicar determinadas regras aceitam as leis. Se as regras estiverem acima dos interesses pessoais as coisas avançam.
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