Papa Francisco vai à RDC com desejo de paz
30 de janeiro de 2023OPapa Francisco chega esta terça-feira (31.01) ao continente africano onde visitará a República Democrática do Congo (RDC) e o Sudão do Sul. A viagem que era para ter sido realizada o ano passado, mas que foi adiada por razões de saúde do sumo pontífice, de 86 anos, é aguardada em Kinshasa com muita expetativa.
"É uma grande alegria. Porque em toda a minha vida, nunca vi um Papa vir ao nosso país. Quero realmente vê-lo pessoalmente e participar na missa. Ainda não sei se todos terão acesso à cerimónia, mas o meu desejo é de lá estar para assistir à missa", diz Jean Marie Yenga, um vendedor ambulante de 35 anos.
Papa quer 'curar' feridas da guerra
Passaram já 37 anos desde a última visita de um Papa a Kinshasa. Na altura, quando a RDC era ainda conhecida como Zaire, João Paulo II encontrou-se com o ex-Presidente Mobutu Sese Seko. De lá para cá, a paz não regressou em muitas regiões. Só entre 1998 e 2007, 5,4 milhões de pessoas perderam a vida na sequência de conflitos e crises humanitárias.
Para além da capital Kinshasa, o Papa Francisco queria também visitar Goma, a capital da província do Kivu do Norte, no leste do país. No entanto, a recente ofensiva do Movimento M23 não o permitiu. Ainda assim, e a cerca de 1.500 quilómetros de distância da zona em conflito, os seus discursos irão concentrar-se no leste do país. Francisco viaja para o Congo com uma mensagem de paz, segundo o diz embaixador do Vaticano no país, Ettore Balestrero.
"O Papa, e digo isto como amigo da RDC, quer consolar as pessoas que tanto sofreram nos últimos anos. Ele quer curar as feridas abertas pela violência, condenar as atrocidades e pedir a Deus perdão pelo sangue que foi e continua a ser derramado [no país]. O Papa quer ajudar os congoleses a virar a página", referiu.
"Guerra diz respeito a todos"
Christophe Lomami, presidente da comuna de Barumbu, em Kinshasa, acrescenta que, apesar dos conflitos no leste não afetarem diretamente a sua população, a "guerra diz respeito a todos".
"A resposta é a paz. O Papa vem com uma mensagem de paz. Haverá alguém neste mundo que possa recusar a paz? Saudamos o Papa com a sua mensagem de paz. A República Democrática do Congo, atualmente governada pelo Presidente da República, Félix Tshisekedi, precisa de paz”, frisou.
A RDC é um dos países mais católicos do mundo. Segundo as estatísticas do Vaticano, mais de 52 milhões de pessoas, cerca de metade da população, segue a Igreja Católica - que tem um importante papel na política, saúde e educação do país.