Partes em conflito no Sudão comprometem-se a proteger civis
12 de maio de 2023O exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) assinaram na quinta-feira (11.05) um acordo de princípios em que se comprometem a observar "pequenas pausas" nas hostilidades, bem como a proteger a segurança dos civis e o fluxo de ajuda humanitária.
Este compromisso foi negociado com a ajuda de Washington e Riade, durante conversações na cidade portuária de Jeddah, no Mar Vermelho.
"Abster-se de interferir nas principais operações humanitárias" e "dar prioridade à consecução de um cessar-fogo a curto prazo" figuram também entre os compromissos da "Declaração de Jeddah".
O documento também não faz referência a um compromisso entre as partes beligerantes para renegociar um cessar-fogo permanente, para por fim ao conflito que conduziu à situação humanitária mais trágica da história do Sudão.
Os responsáveis mostraram-se cautelosos quanto ao desenrolar das conversações, que designaram por "pré-negociação", e deixaram claro que o compromisso acordado na quinta-feira não implica a cessação das hostilidades.
Conversações no sentido de um cessar-fogo permanente deverão continuar esta sexta-feira (12.05), informou o jornal New York Times, citando fonte do Departamento de Estado norte-americano. Altos funcionários do Departamento de Estado acreditam que o acordo é um trampolim para a assinatura de um cessar-fogo temporário, mediado por Washington e Riade.
Em conflito desde 15 de abril
O Presidente Abdel Fattah al-Burhan luta pelo poder com o apoio do exército contra o seu adjunto Mohammed Hamdan Daglo, que dirige as forças paramilitares RSF. Os dois generais tomaram anteriormente o controlo do Sudão através de golpes militares conjuntos.
No entanto, a divisão do poder transformou-se num conflito aberto no país, com 46 milhões de habitantes, no passado dia 15 de abril. Desde então, foram repetidamente declaradas tréguas, mas nenhuma vingou e muitas foram violadas em poucas horas.
O exército sudanês tem declarado repetidamente que não aceitará os paramilitares no futuro e que o diálogo, conduzido indiretamente e em grande segredo, "tem como único objectivo expulsar as forças rebeldes da capital".
De acordo com dados oficiais do Ministério da Saúde do Sudão, mais de 500 pessoas foram mortas neste conflito, mas observadores dizem que o número real é provavelmente muito mais elevado. Há 700.000 deslocados internos e mais de 120.000 fugiram do país.