Partidos guineenses divergem quanto ao registo de eleitores
26 de maio de 2018Na Guiné-Bissau, om Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e o Partido da Renovação Social (PRS), os dois principais partidos no Parlamento guineense, estão divididos em relação aos cenários apresentados por peritos internacionais para o registo de eleitores com vista à realização das legislativas a 18 de novembro.
Peritos internacionais, que estão a trabalhar com a Comissão Nacional de Eleições (CNE) guineense, apresentaram três cenários possíveis para o registo de eleitores e fizeram ver aos partidos que apenas um poderá possibilitar que o escrutínio tenha lugar na data marcada.
Aquele cenário prevê a realização do registo de eleitores e a impressão dos cartões fora da Guiné-Bissau e só depois entregá-los aos seus titulares.
O porta-voz do PRS, Victor Pereira, defendeu que aquele cenário "está fora de questão" uma vez que pode trazer problemas para o país. "Querem que façamos aquilo que o português diz 'o barato sai caro'", declarou Vítor Pereira, também ministro da Comunicação Social, que vê nesse cenário uma "manobra do PAIGC em conluio com alguma comunidade internacional" para "preparar uma fraude eleitoral".
Já Sola Nquilin, dirigente do PRS e antigo ministro da Administração Territorial, disse mesmo que se for avante o cenário de impressão dos cartões eleitorais fora da Guiné-Bissau, o partido não participará nas eleições.
Entretanto, Odete Semedo, uma das vice-presidentes do PAIGC acredita que "alguém não quer as eleições na data marcada" e que o seu partido está pronto para 18 de novembro. O PAIGC, explica a dirigente, confia nas indicações dadas pelos peritos no registo eleitoral, segundo os quais as eleições só poderão ter lugar na data marcada pelo Presidente guineense, se os cartões eleitorais forem impressos fora da Guiné-Bissau.
"Os peritos sugeriram que se os partidos quiserem podem acompanhar a impressão dos cartões no país em que forem impressos", observou Semedo, que exortou o Presidente guineense, José Mário Vaz, a posicionar-se para que o escrutínio tenha lugar a 18 de novembro.
ONU garante "todos os esforços" para as legislativas
Nesta sexta-feira (25.05), a vice-secretária-geral das Nações Unidas, Ana Maria Menéndez, afirmou que "há um esforço da nossa parte e o representante adjunto tem feito viagens aos países da CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental] para conseguir esse apoio e também apoio financeiro, porque sabemos que (o dinheiro) não é o suficiente. Os esforços continuam e vamos fazer o possível que as eleições se realizem".
A vice-secretária-geral das Nações Unidas falava aos jornalistas depois de um encontro com o Presidente guineense, José Mário Vaz.
"Tivemos um encontro muito positivo e construtivo e felicitei-os por terem ultrapassado o impasse político e constituído um Governo com um primeiro-ministro de consenso e a participação inclusiva dos partidos políticos", afirmou, sublinhando que as autoridades guineenses podem contar com o apoio da ONU para as eleições. Ana Maria Menéndez disse também esperar que o processo de estabilidade continue porque é "muito bom para todos".
A vice-secretária-geral da ONU deslocou-se a Bissau a convite do Conselho Nacional das Mulheres da Guiné-Bissau e para sublinhar o compromisso de António Guterres e das Nações Unidas com a "paz e desenvolvimento" do país. Durante a sua estada, que termina domingo, a responsável vai ter encontros com partidos políticos e com o presidente da Comissão Nacional de Eleições.