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Pelo menos dois mortos em manifestação no Chade

Lusa
27 de abril de 2021

Pelo menos duas pessoas morreram esta terça-feira em manifestações de protesto contra a junta militar no Chade, que tomou o poder após a morte do Presidente Idriss Déby Itno, há uma semana.

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Foto: Str/AFP

"Um homem foi morto em Moundou esta manhã nas manifestações, ainda não temos as circunstâncias exatas da morte, é um jovem de 21 anos", afirmou por telefone Ali Kolla Brahim, o procurador da segunda maior cidade do Chade, Moundou, a cerca de 400 km a sul de N'Djamena, em declarações por telefone à agência de notícias francesa AFP.

"O estudante atirou uma pedra para um carro da polícia e a polícia disparou e o estudante morreu no local", disse, por seu lado, Ahmat Malloum, um alto responsável dos meios de comunicação social do estado de Moundou.

Já na capital, "os manifestantes atacaram um autocarro no distrito de Dembe, alguns passageiros fugiram, mas uma mulher ficou e foi morta pelos manifestantes", afirmou à AFP o procurador estadual Youssouf Tom.

A polícia chadiana dispersou hoje, com gás lacrimogéneo, algumas manifestações esporádicas de dezenas de pessoas que responderam ao apelo da oposição e da sociedade civil em N'Djamena contra a junta militar, segundo a AFP.

Conselho de Transição proibiu protestos

Os protestos tinham sido proibidos na segunda-feira (26.04) pelo Conselho Militar de Transição (CMT), liderado pelo filho do falecido Presidente, o general Mahamat Idriss Déby, do qual fazem parte outros 14 generais, por serem "suscetíveis de causar desordem pública".

O mediador dos protestos

Nos 7.º e 9.º distritos de N'Djamena, no leste da capital, algumas dezenas de manifestantes queimaram pneus em estradas secundárias. As forças de segurança, destacadas massivamente na capital, dispersavam as pessoas ao mais ínfimo sinal de início de uma manifestação. No distrito de Walia, no sul da capital, um manifestante foi espancado pela polícia.

Os apelos à manifestação foram feitos por vários partidos políticos da oposição e organizações da sociedade civil contra o CMT, que consideram ser "um organismo ilegal e ilegítimo, apoiado pela França, que pensa estar a impor uma nova ditadura militar aos chadianos".

A Convenção Chadiana dos Direitos Humanos apelou na segunda-feira aos ativistas "amantes da paz e da justiça" para que se manifestassem em massa hoje.

O filho de Idriss Déby, com apenas 37 anos, tomou o poder como chefe do CMT, em 20 de abril, um dia depois de o pai ter sido morto, segundo o exército, em combate com os rebeldes no norte do país.

O CMT revogou a Constituição e dissolveu o Governo e a Assembleia Nacional. O general Mahamat Idriss Déby prometeu "eleições livres e democráticas" em 18 meses, mas assumiu o título de Presidente da República e chefe supremo das Forças Armadas.