RENAMO: Apoiantes de Elias Dhakama queixam-se de perseguição
15 de dezembro de 2020A divisão interna na Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) iniciou em 2019 depois do congresso que elegeu o atual presidente do partido, Ossufo Momade.
Na província de Inhambane, sul de Moçambique, os membros do maior partido da oposição moçambicana, que terão apoiado a candidatura do irmão de Afonso Dhakama, Elias Dhlakama, foram mal vistos pelo delegado provincial e outros chegaram a perder os seus cargos de chefia dentro da delegação política provincial.
"Esse assunto vem na sequência do congresso onde se criou confusão com todos aqueles que apoiaram outra ala no distrito onde eu estava. E foi o delegado político provincial que informou à direção, através de uma carta que enviou para o presidente Ossufo", disse à DW Luísa Constantino, presidente da liga feminina na RENAMO em Inhambane.
Luísa disse que foi denunciada por alegadamente apoiar a eleição de Elias Dhlakama.
António Chulu é outro membro que diz ter sofrido humilhação depois do congresso, o que lhe terá feito perder votos de confiança para renovar o seu lugar na assembleia provincial.
Chulu queixa-se que até hoje não consegue nenhum cargo político dentro do partido: "Eu apoiei a candidatura do brigadeiro Elias Dhlakama, mas logo depois do congresso, quando regressámos à província, fui mal-entendido por alguns colegas mal-intencionados”.
Agressões verbais nas reuniões
Atualmente, nos encontros da comissão política provincial, tem-se registado casos de insultos por causa de perseguições internas aos membros, segundo membros da comissão política. E alguns, por temerem represálias, acabam por manifestar a sua indignação nas redes sociais e na comunicação social.
Um membro, que pediu anonimato, disse à DW que está a ser alvo de perseguição política. Tudo terá começado depois de, juntamente com outros correligionários, ter denunciado os problemas da RENAMO ao líder Ossufo Momade.
"Cada membro é livre de contribuir ou de contestar tudo aquilo que não estiver em ordem. O que fizemos [era para] organizar o nosso partido. Mas o que está a acontecer é que quem fala de tudo aquilo que é contra o estatuto da RENAMO, automaticamente desconfia-se que é contra a direção", lamenta.
"São perturbações cobardes"
Outro membro da RENAMO, que também falou em anonimato, alerta para demissões em massa. E entende que há um propósito.
"A teoria dos Nhongos é para fazer cair por terra os outros, para permitir que o grupo que faz desmandos continue a fazer o que quer e não ter defesa lá em cima [na direção do partido]. Mas como os outros querem tirar proveitos, andam a dizer que aqueles são de lá, é uma vergonha".
Carlos Maela, deputado e delegado político provincial, sem avançar muitos detalhes, diz que os membros que tentam perturbar o partido são cobardes.
"Repudiar [crises do partido] nos órgãos de comunicação social ou então qualquer tentativa de querer perturbar o partido nas redes sociais para manifestar seja o que for, é cobardia", acusa Maela.