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População deixa aldeia em Sofala depois de ataque armado

Arcénio Sebastião / Lusa5 de setembro de 2016

Régulo do povoado de Nhampoca e chefe do posto adsministrativo de Tica foram raptados e mortos a tiros. Autores do crime poderão estar ligados à RENAMO.

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Moradores carregam o que podem para sair do povoado. Ataque armado deixou dois mortos, na última sexta-feira (02.09)Foto: DW/A. Sebastiao

Os moradores do povoado de Nhampoca, no distrito de Nhamatanda, na província de Sofala, centro de Moçambique, deixaram as suas casas nesta segunda-feira (05.09) depois do ataque armado que deixou dois mortos no local, na última sexta-feira (02.09).

Segundo informações do Governo moçambicano, o ataque seria de autoria da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). As duas vítimas são o régulo do povoado de Nhampoca e o chefe do posto administrativo de Tica. Ambos foram executados a tiros depois de terem sido raptados durante comício popular que orientavam na comunidade, no qual pediam para a população não abandonar o povoado, mesmo em circunstâncias de tensão militar.

Nesta segunda-feira, o que se viu no povoado de Nhampoca foi pessoas com medo, abandonando suas casas, a carregar tudo o que podiam. A maioria seguiu em direção aos povoados de Muda, Tica e a vila sede de Nhamatanda.

"Carregamos chapas, comida, tudo. Estamos à procura de outro sítio mais seguro para ficar. Eu vou para Tica, para a casa da minha irmã. Vou ali permanecer uma ou duas semanas", afirmou uma moradora.

Mosambik RENAMO Gewalt in Nhampoca
Povoado de Nhampoca, em Sofala, é abandonado pela populaçãoFoto: DW/A. Sebastiao

Povoado vive clima de tensão

Os moradores de Nhampoca contam que os confrontos na região começaram há duas semanas, quando um grupo das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FADM) chegou a povoado em mais uma missão de patrulhamento. A missão ocorria devido aos relatos de circulação de grupos armados ligados à RENAMO.

“Houve um barulho, entraram estes homens das FADM, chegaram ali queimaram tudo: bancas, moagens; levaram cabritos e comida da população. (Agora) Eu vejo os vizinhos a levarem chapas, crianças a fugirem. Eu não posso ficar sozinha, também estou a levar minha bagagem e sair daqui, não quero ficar nesta zona sozinha", revela a moradora.

O administrador de Nhamatanda, Boavida Manuel, tranquiliza a população, pede calma e para que as pessoas permaneçam nas suas residências. Ele garantiu que reforços estão sendo envidados para garantir a ordem e tranquilidade naquele local.

“No nosso caso, em Nhamatanda, estamos a levar a cabo operações seletivas, visando desarticular todos os malfeitores que visam desestabilizar a população”, assegura Manuel.

Mosambik RENAMO Gewalt in Nhampoca
Povoado de Nhampoca, em Sofala, centro de MoçambiqueFoto: DW/A. Sebastiao

Defesa da população

O primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, encorajou as Forças de Defesa e Segurança a defenderem as populações dos ataques atribuídos ao braço armado da RENAMO.

"Encorajamos as Forças de Defesa e Segurança a defenderem de forma implacável o povo dos ataques condenáveis da Renamo", disse Carlos Agostinho do Rosário, falando durante a cerimónia de abertura da reunião de estabelecimentos de ensino e formação militar, que decorre desde hoje (05.09) na cidade da Matola, arredores de Maputo.

Ataque de sexta-feira

Na sexta-feira passada (02.09), durante o comício popular em Nhampoca, o chefe da secretaria local do Governo suportado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Isequiel Mambasse, testemunhou o que aconteceu. Segundo ele, os homens chegaram e tentaram impedir a realização do evento.

"Eles chegaram no comício e mandaram parar a reunião .Em seguida perguntaram à população quem estava a queimar casas na localidade? A população, porque estava com medo, disse que eram os militares das FADM que tinham entrado naquela zona", afirma.

Outras testemunhas contam que um dos homens armados que protagonizaram a ação esteve presente desde o início do comício popular. Já no fim do comício, outros homens armados saíram das matas, interromperam o comício, ordenaram a população para abandonar o local. Em seguida, eles raptaram o régulo, o chefe do posto e o seu secretário. Este último foi libertado e ordenado a comunicar ao administrador distrital sobre a ocorrência.

Mais ataques

Durante o fim de semana, o Governo registou outro ataque armado, que também atribuiu à RENAMO. O ataque aconteceu no povoado de Mavonde, distrito de Manica, na província do mesmo nome. Uma pessoa foi morta e três feridas gravemente.

A DW África entrou em contato com a RENAMO para obter esclarecimentos sobre as declarações do Governo, mas não obteve resposta alguma.

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