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Prisões e desaparecimentos na véspera das eleições no Uganda

Alex Gitta / Glória Sousa9 de fevereiro de 2016

Organizações da sociedade civil ugandesa duvidam que as eleições de 18 de fevereiro decorram de forma justa e transparente. Há denúncias de desaparecimento de opositores e de casos de intimidação das autoridades.

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Foto: Simone Schlindwein

Faltam apenas nove dias para as eleições presidenciais no Uganda. Kiiza Besigye, o candidato líder da oposição, está em campanha em Kabale, no sudoeste do Uganda. Até chegar aqui, a sua caravana foi parada duas vezes pela polícia. Os agentes justificaram a ação, dizendo que Besigye iria causar distúrbios num mercado na deslocação para o local de campanha.

Este tipo de incidentes tem levantado preocupações sobre a equidade do processo eleitoral. A organização não-governamental Rede dos Direitos Humanos do Uganda divulgou recentemente um relatório em que denuncia casos de prisões arbitrárias e de desaparecimentos.

"Tem havido detenções sistemáticas de várias figuras do país, algumas acusadas, outras não e continuam detidas por mais de 48 horas", afirma Patrick Tumwine, um dos autores do documento. "Algumas pessoas são presas por estarem associadas a grupos políticos da oposição em várias regiões do país".

Yoweri Museveni Präsident Uganda
O Presidente Yoweri Museveni está há 30 anos no poderFoto: picture alliance/Kyodo

Ativistas e políticos da oposição acusam o Presidente Yoweri Museveni e o partido no poder, o Movimento Nacional de Resistência, de serem responsáveis pelo desaparecimento de opositores políticos e de recorrerem ao uso de força e intimidação.

Solome Nakawesi, coordenadora de campanha do candidato independente e ex-primeiro ministro Amama Mbabazi, denuncia também casos de abusos dos direitos humanos. "Temos registo de 13 pessoas desaparecidas em Campala e nas regiões de Ankole e Kigezi. Em Rukingiri um dos nossos coordenadores, um antigo bispo, foi detido sem ter sido acusado em tribunal", conta.

Segundo a coordenadora, estes casos foram denunciados junto da comissão eleitoral e da polícia. "Mas estamos desiludidos porque não vemos muitos esforços para resolver estes casos", lamenta.

"A paz deve prevalecer"

Face a estas preocupações, ativistas de defesa dos direitos humanos lançaram a campanha "A paz deve prevalecer". A iniciativa surgiu na sequência de batalhas intermináveis entre a oposição e a polícia. Em várias ocasiões para reprimir motins, a polícia disparou e lançou gás lacrimogéneo.

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"Neste momento crítico, sabemos que se não formos capazes de conter ou evitar a violência eleitoral seria um ato de irresponsabilidade consciente por parte de todos os líderes e cidadãos do Uganda", diz Margaret Sekagya, do Centro dos Direitos Humanos, que participa na campanha por uma eleição presidencial pacífica.

Por isso, apela a todos os candidatos "para condenarem a violência e para não apontarem dedos acusadores, mas antes criarem vias de diálogo".

Com 71 anos, o Presidente ugandês Yoweri Museveni é visto como o candidato favorito face aos restantes sete candidatos à eleição presidencial de 18 de fevereiro. Se for eleito, Museveni, há 30 anos no poder, continuará a comandar os destinos no país por mais cinco.

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