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Cinema

Produções africanas na Berlinale

Cristiane Vieira Teixeira (Berlim)
15 de fevereiro de 2018

Teve início esta quinta-feira (15.02) a 68ª edição da Berlinale. Festival irá movimentar as salas de exibição de Berlim até ao próximo dia 25. A mostra principal traz o filme “7 Days in Entebbe”, que se passa no Uganda.

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Berlin - Berlinale Bär auf Werbeplakat
Berlinale começa nesta quinta-feira (15.02).Foto: picture-alliance/dpa/S. Stache

Em sua 68ª edição, o Festival Internacional de Cinema de Berlim, também chamado de Berlinale, traz à capital alemã a estreia mundial ou europeia de cerca de 400 filmes de todos os géneros, durações e formatos.

Quatro filmes alemães garantiram uma vaga na mostra principal, mas também um filme que se passa em África: "7 Days in Entebbe", ou "7 Dias em Entebbe", na tradução literal para o português, do realizador brasileiro José Padilha.

7 Days in Entebbe
7 Dias em Entebbe, do realizador José Padilha.Foto: Liam Daniel

"7 Days in Entebbe"  traz para as telas da Berlinale a história da operação de resgate dos passageiros do avião da Air France, sequestrado em 1976 e levado para o principal aeroporto do Uganda. Os sequestradores-terroristas receberam o apoio do então Presidente Idi Amin e a ação foi concluída com uma intervenção militar israelita. 

Este ano, 24 filmes participam na Competição Principal, 19 deles concorrem aos Ursos de Ouro e Prata, como explica o diretor do festival, Dieter Kosslick. "A Competição Principal da Berlinale deste ano reflete o mundo como ele é. E este mundo é complexo, multifacetado, mas também emocionante. Isso é o que mostra cada um dos filmes."

Filmes africanos em exibição

Com o filme "Our Madness" (ou "A Nossa Loucura", na tradução literal) na mostra Forum, onde são apresentadas produções alternativas, e uma versão curta do mesmo, na mostra Shorts, o realizador português nascido em Angola, João Viana, retorna ao festival europeu.

 "Our Madness" conta a história de uma mulher que foge de um hospital psiquiátrico, em Maputo (Moçambique), para ir em busca do marido e do filho. Numa cena deste filme, um homem tenta obrigar uma mulher a entrar num carro. Sem diálogo e a preto e branco, o trecho dá um gostinho da presença dos PALOP na Berlinale.

João Viana, que mereceu uma menção especial do júri pelo filme A Batalha de Tabatô, na Berlinale de 2013, descreveu a nova produção como "uma metáfora sobre a situação política e social presente em Moçambique".O diretor da Forum, Christoph Terhechte, diz que os filmes da mostra têm como tema o "regresso ao futuro". "Isso significa, assimilar e processar o passado, para se estar preparado para o futuro. João Viana, por exemplo, dirige-se a Moçambique de hoje para, no filme 'A Nossa Loucura', rastrear os fantasmas do passado colonial que ainda hoje nos perseguem."

Produções africanas marcam presença na Berlinale

Também na mostra dedicada às curta-metragens, a produção "Imfura", do Ruanda, traz para o debate atual o genocídio de 1994, pelo olhar do realizador Samuel Ishimwe.

Outras produções sobre temas africanos participam nesta Berlinale. O conhecido realizador zimbabueano Kudzanai Chiurai apresenta a longa-metragem "We Live in Silence", ou "Nós Vivemos em Silêncio", na tradução literal, em que aborda o tema do colonialismo, na mostra experimental Forum Expanded.

Super-heroína queniana

Supa Modo
Supa Modo, filme do realizador queniano Likarion WainainaFoto: One Fine Day Films/Enos Olik

Já o queniano Likarion Wainaina apostou na história de uma menina que sonha em ser uma super-heroína. "Supa Modo" tem co-produção do alemão Tom Tykwer e participa na mostra Generation, dedicada especialmente a crianças e jovens.

O congolês Dieudo Hamadi apresenta um documentário de 75 minutos sobre as manifestações contra o Presidente da República Democrática do Congo (RDC) Joseph Kabila, desde que ele decidiu se recandidatar ao cargo pela terceira vez.

O filme "Kinshasa Makambo - On the Other Side of Freedom", "Kinshasa Makambo - No outro lado da liberdade”, na tradução literal,  terá estreia mundial na mostra Panorama, dedicada a produções sobre temas críticos, como explica a diretora da mostra, Paz Lázaro. "Foi possível reunir uma variedade de temas e formas cinematográficas, num total de 47 filmes, dos quais 27 são longas-metragens e 20 são documentários."

Além das 14 mostras, há também eventos especiais, que incluem debates e palestras, na programação da Berlinale. A entrega do "Urso de Ouro" acontece no próximo dia 24.02. O Festival Internacional de Cinema de Berlim termina a 25 de fevereiro.