Produções africanas na Berlinale
15 de fevereiro de 2018Em sua 68ª edição, o Festival Internacional de Cinema de Berlim, também chamado de Berlinale, traz à capital alemã a estreia mundial ou europeia de cerca de 400 filmes de todos os géneros, durações e formatos.
Quatro filmes alemães garantiram uma vaga na mostra principal, mas também um filme que se passa em África: "7 Days in Entebbe", ou "7 Dias em Entebbe", na tradução literal para o português, do realizador brasileiro José Padilha.
"7 Days in Entebbe" traz para as telas da Berlinale a história da operação de resgate dos passageiros do avião da Air France, sequestrado em 1976 e levado para o principal aeroporto do Uganda. Os sequestradores-terroristas receberam o apoio do então Presidente Idi Amin e a ação foi concluída com uma intervenção militar israelita.
Este ano, 24 filmes participam na Competição Principal, 19 deles concorrem aos Ursos de Ouro e Prata, como explica o diretor do festival, Dieter Kosslick. "A Competição Principal da Berlinale deste ano reflete o mundo como ele é. E este mundo é complexo, multifacetado, mas também emocionante. Isso é o que mostra cada um dos filmes."
Filmes africanos em exibição
Com o filme "Our Madness" (ou "A Nossa Loucura", na tradução literal) na mostra Forum, onde são apresentadas produções alternativas, e uma versão curta do mesmo, na mostra Shorts, o realizador português nascido em Angola, João Viana, retorna ao festival europeu.
"Our Madness" conta a história de uma mulher que foge de um hospital psiquiátrico, em Maputo (Moçambique), para ir em busca do marido e do filho. Numa cena deste filme, um homem tenta obrigar uma mulher a entrar num carro. Sem diálogo e a preto e branco, o trecho dá um gostinho da presença dos PALOP na Berlinale.
João Viana, que mereceu uma menção especial do júri pelo filme A Batalha de Tabatô, na Berlinale de 2013, descreveu a nova produção como "uma metáfora sobre a situação política e social presente em Moçambique".O diretor da Forum, Christoph Terhechte, diz que os filmes da mostra têm como tema o "regresso ao futuro". "Isso significa, assimilar e processar o passado, para se estar preparado para o futuro. João Viana, por exemplo, dirige-se a Moçambique de hoje para, no filme 'A Nossa Loucura', rastrear os fantasmas do passado colonial que ainda hoje nos perseguem."
Também na mostra dedicada às curta-metragens, a produção "Imfura", do Ruanda, traz para o debate atual o genocídio de 1994, pelo olhar do realizador Samuel Ishimwe.
Outras produções sobre temas africanos participam nesta Berlinale. O conhecido realizador zimbabueano Kudzanai Chiurai apresenta a longa-metragem "We Live in Silence", ou "Nós Vivemos em Silêncio", na tradução literal, em que aborda o tema do colonialismo, na mostra experimental Forum Expanded.
Super-heroína queniana
Já o queniano Likarion Wainaina apostou na história de uma menina que sonha em ser uma super-heroína. "Supa Modo" tem co-produção do alemão Tom Tykwer e participa na mostra Generation, dedicada especialmente a crianças e jovens.
O congolês Dieudo Hamadi apresenta um documentário de 75 minutos sobre as manifestações contra o Presidente da República Democrática do Congo (RDC) Joseph Kabila, desde que ele decidiu se recandidatar ao cargo pela terceira vez.
O filme "Kinshasa Makambo - On the Other Side of Freedom", "Kinshasa Makambo - No outro lado da liberdade”, na tradução literal, terá estreia mundial na mostra Panorama, dedicada a produções sobre temas críticos, como explica a diretora da mostra, Paz Lázaro. "Foi possível reunir uma variedade de temas e formas cinematográficas, num total de 47 filmes, dos quais 27 são longas-metragens e 20 são documentários."
Além das 14 mostras, há também eventos especiais, que incluem debates e palestras, na programação da Berlinale. A entrega do "Urso de Ouro" acontece no próximo dia 24.02. O Festival Internacional de Cinema de Berlim termina a 25 de fevereiro.