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EducaçãoAngola

Angola: Professores em greve queixam-se de coação

Neusa e Silva
6 de março de 2023

Os professores do ensino superior criticam uma circular do Ministério do Ensino Superior que orienta a marcação de faltas aos grevistas, considerando a medida como "coação".

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Estudantes angolanos em protesto contra as greves dos professores - Foto de fevereiro de 2022Foto: B. Ndomba/DW

Em greve desde 27 de fevereiro, os professores angolanos reivindicam a atualização dos salários, melhores condições laborais e seguro de saúde, entre outros pontos.

Segundo o secretário-geral do Sindicato de Professores do Ensino Superior de Angola (SINPES), Eduardo Peres Alberto, a greve é por tempo indeterminado, enquanto se aguarda uma resposta positiva do Presidente da República em relação ao assunto.

Em entrevista à DW, Eduardo Peres Alberto refere que o próprio Ministério do Ensino Superior alega não estar à altura de atender às exigências do caderno reivindicativo, em discussão desde o ano passado.

DW África: Os professores do ensino superior estão a ser vítimas de sanções por aderirem à greve?

Eduardo Peres Alberto (EPA): O Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior de Angola confirma, sim, atos de coação pelo Ministério do Ensino Superior, através do seu departamento de recursos humanos, que emitiu uma circular a orientar os gestores do Ensino Superior para atos de coação, nomeadamente, marcação de faltas.

Ministra do Ensino Superior de Angola, Maria do Rosário Bragança
A ministra do Ensino Superior, Maria do Rosário Bragança, teve uma reunião infrutífera com o Sindicato dos Professores do Ensino SuperiorFoto: António Ambrósio/DW

São atos que violam de forma flagrante a lei. A lei da greve em Angola é clara ao rezar que a relação laboral, durante uma greve, é suspensa…

DW África: Qual é a situação atual em relação ao ensino superior em Angola? As aulas estão suspensas a nível nacional? Há "feedback" da parte do Ministério?

EPA: Estamos em greve desde o dia 27 de fevereiro. A greve é nacional e por tempo indeterminado. Na ronda negocial de 17 de fevereiro de 2023, o Ministério do Ensino Superior – a senhora ministra e a sua equipa negociadora – informaram-nos que ainda não tinham resposta do Presidente da República às nossas reivindicações. Nós continuamos à espera de forma paciente.

Exortamos o Presidente da República a receber em audiência o secretariado nacional do nosso sindicato para que seja informado sobre as razões da nossa luta sindical, da nossa greve.

DW África: Em que condições terminariam a greve? O que está em discussão neste momento?

Sindicato dos Professores queixa-se de "medidas de coação"

EPA: Terminaríamos a greve se recebêssemos respostas satisfatórias, propostas de soluções que vão ao encontro das nossas reivindicações, como salários condignos, um seguro de saúde e a reposição do subsídio de risco aos agentes físicos e biológicos.

Nós estamos abertos. A greve é por tempo indeterminado. Mas, como é sabido, nós não prejudicámos o ano académico de 2021-2022 e não prejudicámos o primeiro semestre de 2022-2023. Portanto, o sindicato é mais ponderado do que o próprio Governo.

No dia 17 de fevereiro, dissemos à ministra do Ensino Superior que o seu silêncio em relação aos aumentos salariais e ao seguro de saúde nos obrigaria a retomar a greve a 27 de fevereiro de 2023. Logo, a acusação do gabinete dos recursos humanos do Ministério, de que teria apenas anunciado a greve nos órgãos de comunicação social, é falsa e vergonhosa, tendo em conta que se trata de um departamento governamental.