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Protestos nos EUA: Trump volta a ameaçar com exército

Lusa | mjp
2 de junho de 2020

Presidente norte-americano ameaçou governadores com ação militar, caso não consigam travar protestos contra a brutalidade policial. Duas pessoas morreram e milhares foram detidas em manifestações em várias cidades.

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USA Präsident Trump vor der St John's Church in Washington
Foto: Reuters/T. Brenner

O Presidente dos Estados Unidos classificou na segunda-feira (01.06) os protestos dos últimos dias como "terror interno", enquanto a polícia dispersava com gás lacrimogéneo os manifestantes concentrados em frente à Casa Branca, em Washington.

Os disparos das autoridades contra os manifestantes, que têm saído à rua um pouco por todo o país na sequência da morte do cidadão afro-americano George Floyd devido a uma ação policial, eram audíveis ao longo dos cerca de 16 minutos de discurso de Donald Trump, transmitido pela página da Casa Branca na rede social Twitter. 

"Isto não são protestos pacíficos, isto são atos de terror doméstico, é a destruição de vidas inocentes. O derrame de sangue humano é uma ofensa contra a humanidade e um crime contra Deus", considerou o chefe de Estado norte-americano. Trump explicitou que, "nos últimos dias, a nação ficou agarrada por anarquistas" e "multidões violentas", tendo anunciado "ações presidenciais imediatas para parar a violência e restaurar a segurança" no país.

"Vou mobilizar todos os recursos federais disponíveis, civis e militares, para parar os motins e as pilhagens [...], e proteger os norte-americanos que obedecem às regras", prosseguiu Trump. O Presidente norte-americano recomendou também "veementemente a todos os governadores" para "mobilizarem a Guarda Nacional em número suficiente para dominar as ruas". Se os autarcas e os governadores "falharem", o Presidente ameaçou que não terá quaisquer problemas em mobilizar os militares norte-americanos, considerando-se um "aliado dos protestos pacíficos".

"A minha primeira obrigação enquanto Presidente é defender o nosso grande país e o povo norte-americano", realçou Trump, durante a comunicação ao país, acrescentando que a morte de Floyd "não vai ser em vão" e que "será feita justiça".

Depois da conferência de imprensa, o Presidente norte-americano caminhou até à Igreja Episcopal de São João, localizada perto da Casa Branca, e que ficou degradada na sequência de atos de vandalismo à margem os protestos contra o racismo da noite anterior.  A chegar à apelidada 'igreja dos presidentes', onde deflagrou um incêndio na noite de domingo, Trump agarrou numa Bíblia e disse que os Estados Unidos são "um ótimo país". 

USA Washington DC Proteste nach dem Tod von George Floyd
Protesto em WashingtonFoto: Getty Images/AFP/O. Douliery

Dois mortos e milhares de detidos

Duas pessoas morreram durante os distúrbios em Cicero, Chicago, enquanto os protestos pela morte do afro-americano George Floyd às mãos da polícia continuam em várias cidades dos Estados Unidos, bem como as pilhagens.

O porta-voz da autarquia de Cicero, Ray Hanania, disse que 60 pessoas foram detidas naquela localidade de cerca de 84 mil habitantes, localizada a oeste de Chicago. Hanania não forneceu informações adicionais sobre os mortos ou em que circunstâncias ocorreram.

A polícia do estado de Illinois e o Gabinete do Xerife do Condado de Cook foram chamados para ajudar as forças de segurança locais na segunda-feira, devido às pilhagens que ali tiveram lugar.

Em Buffalo, Nova Iorque, o condutor de uma viatura investiu sobre um grupo de polícias numa manifestação, ferindo pelo menos dois agentes.

Em Washington, na capital, a polícia voltou a usar gás lacrimogéneo e projéteis para dispersar os manifestantes, enquanto em Nova Iorque o recolher obrigatório não impediu outra noite de destruição, registando-se detenções na sequência de pilhagens.

Antes de alguns destes casos, a agência de notícias Associated Press indicara que pelo menos 5.600 pessoas tinham já sido detidas nos Estados Unidos desde o início dos protestos contra a morte de George Floyd.

As detenções tiveram lugar sobretudo em cidades em que as manifestações se tornaram mais violentas e num momento em que a polícia e os governadores são instados pelo Presidente, Donald Trump, a endurecer as ações para reprimir os protestos.

Em Minneapolis, onde Floyd morreu, foram efetuadas 155 detenções, 800 em Nova Iorque e mais de 900 em Los Angeles.

USA New York City |  Proteste nach dem Tod von George Floyd
Pilhagens em Nova IorqueFoto: picture-alliance/AP Photo/C. Ruttle

George Floyd foi assassinado, diz médico legista

A indignação foi sentida um pouco por todo o país. De Nova Iorque a Los Angeles, de Filadélfia a Seattle, centenas de milhares de norte-americanos têm-se manifestado contra a brutalidade policial, o racismo e a desigualdade social.

As manifestações terminaram muitas vezes em confrontos com a polícia, em pilhagens e tumultos, levando várias cidades a mobilizar a Guarda Nacional e a impor o recolher obrigatório.

George Floyd foi assassinado às mãos da polícia norte-americana, devido à pressão feita no seu pescoço, e o afro-americano estava sob o efeito de drogas, concluiu o médico legista responsável pela autópsia. O afro-americano de 46 anos teve uma "paragem cardíaca e pulmonar" por causa da forma como foi imobilizado pela polícia, indicou em comunicado, esta segunda-feira, o médico legista do condado de Hennepin.

George Floyd, suspeito pela polícia de falsificar uma nota falsificada de 20 dólares (18 euros), morreu quando foi detido em Minneapolis, no norte dos Estados Unidos, há uma semana. De acordo com imagens que já percorreram o mundo, um agente manteve-o imobilizado no chão, ajoelhado sobre o seu pescoço por quase nove minutos.

O polícia, Derek Chauvin, 44, foi demitido, detido e acusado de homicídio. Os três outros agentes presentes no momento dos eventos também foram despedidos, mas não foram até ao momento sujeitos a qualquer acusação.