Rebeldes independentistas evidenciam insatisfação com pobreza na RDC
11 de abril de 2013A invasão da capital da província do Katanga, Lubumbashi, por cerca de 300 rebeldes no passado dia 23 de março foi chocante mas de pouca dura: após uma curta escaramuça, a maioria procurou refúgio no quartel-general da missão das Nações Undias no Congo Democrático, de onde partiram para a capital do país, Kinshasa, dois dias mais tarde.
O ataque resultou na morte de 26 pessoas, quase todas pertencentes ao grupo de rebeldes. Ulrike von Baggehufwudt, que trabalha para a organziação não governamental congolesa "Serviço de Apoio ao Desenvolvimento Regional Integrado", em Lubumbashi, diz que grande parte dos combatentes eram crianças. "Pareciam subnutridas e estavam num péssimo estado. Provavelmente também estavam mal armados. Há muita gente que diz que não representavam qualquer ameaça", descreve.
Insatisfação deve ser levada a sério
No Katanga há varios grupos dos chamados rebeldes Mai-Mai. As Nações Unidas partem de um total de 2 mil combatentes. Alguns exigem a independência, como os Kata Katanga, que significa, literalmente, "cortem o Katanga do resto do país".
Há políticos que os consideram criminosos. Mas a ativista alemã pela paz, von Baggehufwudt, realça que os rebeldes não foram impedidos de entrar na cidade e que foram recebidos com euforia por parte da população. Por isso a insatisfação deve ser levada a sério.
É uma opinião partilhada por Henri Muhiya, encarregado de questões de matérias-primas pelo Episcopado Nacional do Congo: "Estas pessoas sentem que não participam da riqueza gerada pelas matérias-primas aqui exploradas. Por exemplo, a estrada de Lubumbashi para Kolwezi ainda não está completamente alcatroada. E as pessoas acham isto muito injusto", explica.
Cobre, cobalto e urânio
A riqueza em matérias-primas desta província famosa pelos jazigos de cobre é lendária. Para além do cobre encontra-se aqui também cobalto e urânio.
Em 1960, poucos dias após a independência, o governador da província, Moise Tshombe, declarou o Katanga independente, mergulhando a região numa violenta e longa guerra civil.
Ainda hoje a província é considerada perigosa. Para alem dos Kata Katanga, um outro grupo de rebeldes Mai-Mai em torno de Gédéon Kyungu Mutanga, libertado da prisão em 2011, espalha o medo através de assaltos. A população chama à província o "Triângulo da Morte".
A situação preocupa o ministro do Interior da RDC, Muyej Mangez. O político propõe a descentralização como solução, tal como ancorada na Constituição de 2006. Esta garante que 40% dos rendimentos das matérias-primas permaneçam na região, o que é também uma das principais reivindicações dos rebeldes.
Mas o ministro pede paciência: "A República Democrática do Congo herdou um legado difícil: três décadas de ditadura. Vai ser necessária uma pequena revolução para conseguir mudanças a diversos níveis", afirma.
A descentralização daria uma maior autonomia ao Katanga. Este poderia ser um compromisso viável para as pessoas que continuam a sonhar com a independência, na condição da população beneficiar sensivelmente da instalação de um estado descentralizado.