Atenção particular será dada aos refugiados moçambicanos
25 de abril de 2016
Na cimeira tripartida iniciada esta segunda-feira (25.04.), o Presidente moçambicano Filipe Nyusi, juntou-se aos homólogos do Malawi, Peter Mutharika, e da Zâmbia, Edgar Lungu, para abordar questões ligadas às infra-estruturas de transporte e de energia, mas também questões concernentes aos refugiados moçambicanos que se encontram nos campos no vizinho Malawi.
Esta deslocação do Presidente moçambicano ao Malawi ocorre numa altura em que o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) calcula que mais de 10 mil moçambicanos fugiram para o Malawi, relatando nomeadamente queixas de perseguições e maus-tratos das Forças de Defesa e Segurança na província de Tete.
Lutero Simango, chefe da bancada do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira força política no Parlamento moçambicano, fala da situação em Tete, palco de recentes confrontos entre as Forças Governamentais e elementos armados da RENAMO.
Governo tem evitado utilizar a palavra "refugiados"
“O grupo parlamentar do MDM, deslocou-se aos distritos de Angónia e Tsangano, palco de confrontos entre o exército moçambicano e elementos armados da RENAMO. Os refugiados partiram desses distritos. Nas duas localidades, os parlamentares não se cruzaram com nenhuma família, que tenha retornado dos campos de refugiadosdo Malawi, algo que contraria a propaganda do Governo de que não há conflito armado. A insegurança persiste cada vez mais”, sublinha Simango.O Governo moçambicano tem evitado a utilização da palavra refugiados, ao mesmo tempo que assegura estar a criar condições de segurança para o regresso daquelas pessoas às suas terras de origem.
Segundo Adérito Matangala, Diretor do Instituto Nacional de Apoio aos Refugiados de Moçambique “uma coisa é acolher as pessoas que espontaneamente atravessaram a fronteira. Agora alegar que estes mesmos moçambicanos atravessaram a fronteira devido a guerra, sendo guerra o motivo para a atribuição do estatuto, não, isto é contrário às próprias convenções”, destacou Matangala.
Malária no campo de Kapise
Entretanto, para Whitney Ward, coordenadora da Organização Médicos sem Fronteiras no Malawi, cresce o número de diagnósticos de malária no campo de refugiados de Kapise.
“Em termos de malária a taxa de infetados é alarmante. Numa média de mil testes por semana trezentos a quinhentos casos acusam malária, embora até aqui não se tenha registado qualquer óbito”.
Dois campos de refugiados estão operacionais no Malawi, nomeadamente o de Kapise junto da fronteira entre Moçambique e o Malawi e o de Luwani, localizado no interior malauiano.
Segundo uma nota de imprensa da Presidência moçambicana, o Presidente Filipe Nyusi, nos seus três dias de visita ao Malawi irá visitar os campos de refugiados.