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RENAMO acusa Governo de usar "armas de destruição maciça"

Leonel Matias (Maputo) / Nádia Issufo10 de fevereiro de 2014

O Governo e a RENAMO chegaram a consenso sobre critérios da nova composição da CNE. Mas o centro do país voltou a ser palco de confrontos este fim de semana, segundo locais.

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Unruhen in Mosambik
Foto: Getty Images/Afp/Jinty Jackson

O Governo e o maior partido da oposição, a RENAMO, acordaram esta segunda-feira (10.02.2014) quanto aos critérios da nova composição da Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Segundo a proposta da RENAMO acordada entre as duas partes, a CNE poderá ser composta por 17 membros indicados pelos partidos com assento parlamentar e a sociedade civil. A CNE passaria a contar com uma composição numérica mais alargada e o Conselho Superior de Magistratura judicial deixaria de ter representatividade no órgão.

A aprovação desta proposta poderá constituir um passo importante para as partes ultrapassarem um dos principais obstáculos à participação da RENAMO nas eleições gerais deste ano.

Mas no bastião do maior partido da oposição, na Serra da Gorongosa, o exército moçambicano posicionou-se com armamento de "destruição maciça" e está a fazer ataques, de acordo com o porta-voz do presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), António Muxanga.

Segundo Muxanga, a presença do exército na região com armas de grande calibre pode denunciar a vontade do executivo em matar Afonso Dhlakama, líder do maior partido da oposição.

Não há informações sobre a existência de vítimas, mas a ação do exército já foi contestada pela RENAMO. Os confrontos acontecem numa altura em que na mesa de negociações, onde se tenta pôr fim à crise político-militar que se vive no país há quase um ano, existe um aparente avanço depois de três meses de impasse.

A DW África entrevistou António Muxanga, porta-voz do presidente da RENAMO, Afonso Dhlakama.

Mosambik Renamo Rebellen in den Bergen von Gorongosa
Segundo fontes da liderança da RENAMO, o maior partido da oposição tem presença militar em várias regiões do paísFoto: Jinty Jackson/AFP/Getty Images

DW África: A presença do exército na região é uma estratégia de pressão no contexto das negociações?

António Muxanga (AM): Houve sempre homens do Governo na zona da Gorongosa. O que está agora a acontecer é que eles estão a usar armas de destruição maciça, armas proibidas por algumas convenções. Estão a usar armas chamadas B10 e B11 que, dependendo das condições de temperatura e da pessoa que as operam, podem atingir entre 15 a 20 quilómetros. E as armas estão a ser disparadas em direção a locais onde vive a população que se recusou a ir para a vila. Esta é que é a preocupação.

DW África: Alguns jornais moçambicanos dizem que o presidente da RENAMO está em parte incerta nas proximidades da Serra da Gorongosa. Será esta presença do exército governamental uma tentativa de chegar perto de Afonso Dhlakama?

AM: Quem se quer aproximar de qualquer pessoa não usa armas de destruição maciça. Quem usa esse tipo de armas é aquele que quer matar. O desejo é matar. A ser verdade que estão à procura do presidente da RENAMO, então não se querem aproximar dele, nem querem fazer pressão. Querem assassinar o presidente da RENAMO.

RENAMO acusa Governo moçambicano de usar "armas de destruição maciça"

DW África: Mas Afonso Dhlakama está na Serra de Gorongosa?

AM: Não sei onde ele está, só sei que na Serra da Gorongosa vivem populações que se negaram a ir para a vila. Existem lá alguns guerrilheiros da RENAMO.

DW África: Como é que se justifica esta presença militar na região da Gorongosa num contexto de avanços na mesa de negociações?

AM: Significa que os avanços são aparentes. A qualquer momento pode haver recuos, porque as forças do Governo não têm comando concreto ou o seu comandante em chefe é maldoso. É um homem que não tem a Paz como prioridade. A sua prioridade é pôr o povo em sofrimento. Ele sabe perfeitamente que quando a RENAMO chegar ao momento de responder não só vai responder em Gorongosa, como em todas as frentes. Nomeadamente, Tete, Muxungué, Nampula, Niassa, Gaza, Inhambane, em todo o país haverá resposta. Quando a RENAMO tomar essa decisão, todos vão fazer barulho contra a RENAMO. Agora que o exército está a usar armas de destruição maciça, não há ninguém a condenar isso.

Mosambik Afonso Dhlakama 10.04.2013
Afonso Dhlakama, líder da RENAMO, continua em parte incerta, depois da base militar onde se encontrava ter sido invadida por forças do Governo em outubro de 2013Foto: Jinty Jackson/AFP/Getty Images

DW África: Quais são os tópicos que estão em discussão na mesa de negociações neste momento?

AM: Está a discutir-se o ponto 1 do pacote eleitoral.

DW África: Houve algum avanço ou impasse que justifique este tipo de atuação?

AM: Não tenho detalhes sobre esta situação, espero reunir com as pessoas que estão a discutir o pacote eleitoral ainda hoje (10.02.2014).

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