RENAMO acusa polícia de inércia intencional
18 de janeiro de 2017Agostinho Nicaca, membro da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), foi morto em novembro no posto administrativo de Lioma, no distrito de Gurué, província de Zambézia. Até agora, a polícia não encontrou os assassinos. Cardoso Gimo, cunhado de Nicaca disse à DW África que desde que foi cometido o crime, a polícia nada fez: "A única coisa que fez foi autorizar a enterrar o corpo.” O familiar da vítima diz que o medo já levou mais de 20 famílias que viviam perto da residência de Nicaca a abandonaram as suas.
O maior partido da oposição em Moçambique clama por justiça. Betinho Jaime, membro da RENAMO e presidente da Assembleia Provincial da Zambézia, afirma que os assassinos estão devidamente identificados e foram mesmo: "… vistos a passear na sua viatura. Nós ficamos indignados com esta situação. Afinal, onde está a polícia?”
Experiências amargas
O presidente da Assembleia Provincial da Zambézia critica a inércia das forças de segurança face ao número de assassinatos e perseguições a membros da RENAMO. Betinho Jaime suspeita as autoridades de cumplicidade: "Se não é a polícia, então quem é? Será que em Moçambique temos uma outra força armada além da RENAMO ou da polícia?”, pergunta e acrescenta: "Tivemos muitas mortes. O Governo permite que haja pessoas que tiram a vida a outras em plena luz do dia, na residência das vítimas, e não são apanhadas.”
Segundo a RENAMO, muitos membros do partido abandonaram os postos de trabalho; alguns não saem sequer à rua por medo de serem sequestrados ou mortos.
Em Moçambique vigora uma trégua de dois meses entre as RENAMO e as forças armadas do Governo. Mas a RENAMO acusa as Forças de Defesa e Segurança de terem violado várias vezes o cessar-fogo nalgumas províncias. Betinho Jaime, da RENAMO, olha a trégua com ceticismo: "Para mim é uma armadilha para capturar um e outro membro da RENAMO. Temos experiências amargas. Na primeira trégua de uma semana um dos nossos foi morto”.
Polícia rejeita as acusações
Jaime diz que os membros do partido estão, por isso, à espera de um acordo de paz definitivo entre o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, e o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi. Só então deverão regressar à sua vida normal.
Abordado pela DW África, o porta-voz do comando da Polícia da República de Moçambique na província da Zambézia, Miguel Caetano, recusou-se a comentar este assunto, devido à trégua em vigor no país. Caetano lembrou, no entanto, que não foram assassinados só membros da RENAMO, mas também agentes da polícia e membros de outros partidos políticos. Segundo o porta-voz, a polícia está a investigar os casos, incluindo o assassinato do membro da RENAMO, Agostinho Nicaca. Escusou-se, no entanto, a prestar mais informações: "De momento, não posso avançar em que situação se encontra o processo deste caso,” disse Caetano à DW África.