RENAMO convoca protesto contra "homicídio da democracia"
27 de outubro de 2023"É uma forma de reivindicação, uma forma de manifestarmos o nosso repúdio contra esta tentativa de assassinar a democracia. Nós vamos paralisar também todas as atividades particulares, nós vamos concentrar-nos na Praça dos Trabalhadores", referiu na sexta-feira (26.10) Venâncio Mondlane.
A autarquia de Maputo foi sempre liderada pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o partido no poder em Moçambique, mas Venâncio Mondlane reclamou vitória nestas eleições, com 53% dos votos, com base na contagem paralela que afirmou ter sido feita a partir dos editais e atas originais das assembleias de voto.
Numa mensagem gravada no Facebook, o cabeça de lista do maior partido da oposição pediu aos seus simpatizantes para pararem de pagar impostos na capital moçambicana.
"Suspender todos os impostos, todas as taxas pagas ao município, e que o município arranje outras formas de rendimento. Não vai ser [através] do povo que eles roubaram que eles vão ter rendimento", pediu.
"Cancelar tudo”
O cabeça de lista da FRELIMO a Maputo, Razaque Manhique, foi anunciado pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) como vencedor das eleições autárquicas na capital, com 58,78%. Venâncio Mondlane apelou à população para "cancelar tudo" nesta sexta-feira (27.10), a partir das 09:00, para uma "megaconcentração" para "celebração da verdade".
"É uma manifestação em todo o pedaço de terra da cidade de Maputo: em todas as ruas, todos os quarteirões, todas as casas, todos os distritos, todos os recantos e cantos de Maputo, estaremos em reivindicação", afirmou.
A CNE anunciou nesta quinta-feira (26.10) que o partido no poder, a FRELIMO, ganhou em 64 das 65 autarquias nas eleições autárquicas de 11 de outubro, confirmando os resultados de apuramento intermédio, fortemente contestados por observadores, organizações da sociedade civil e partidos da oposição.
Em declarações à DW África, o membro da sociedade civil, Wilker Dias, disse que não basta só fazer marchas, mas também é preciso contestar na justiça.
"É importante que nós tenhamos em mente que é uma forma de causar pressão, mas só uma marcha não basta. É preciso que existam outros elementos de cunho jurídico que possam causar alguma pressão", advertiu.
Para o analista político moçambicano, Ernesto Júnior, a CNE errou: "Acabámos de assistir a uma grande aberração. Sabemos que em Maputo, Matola, a RENAMO recorreu, e os processos estão pendentes, e em alguns processos o tribunal recomendou que se fizesse a recontagem. É um contrassenso a CNE aparecer hoje a proclamar os resultados mesmo sabendo que há uma pendência nos tribunais e os tribunais são soberanos", opinou.
Na quarta-feira (25.10), os presidentes da RENAMO, Ossufo Momade, e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) - que manteve a autarquia da Beira -, Lutero Simango, asseguraram que vão lutar "juntos para poder salvar a democracia", insistindo que as eleições autárquicas do dia 11 foram o "cúmulo" da fraude eleitoral.