RENAMO exige "demissão imediata" das chefias eleitorais
23 de outubro de 2023A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) exige a "demissão imediata" e a detenção de responsáveis dos órgãos eleitorais por ilícitos ligados ao processo de votação no dia 11 de outubro em Maputo.
O cabeça de lista da RENAMO na capital, Venâncio Mondlane, refere que nos tribunais onde o partido apresentou recursos ficou provado que os responsáveis das comissões distritais de eleições e dos Secretariados Técnicos de Administração Eleitoral distritais falsificaram documentos.
"Rasuraram os documentos, apresentaram documentos forjados, adulterados, falsos e a lei eleitoral diz claramente que a responsabilidade criminal é mais grave quando os atos criminais são cometidos por agentes dos órgãos eleitorais", disse esta segunda-feira (23.10) Venâncio Mondlane em declarações à imprensa.
Denúncia de ameaças de morte
O político esclarece que o tribunal do distrito municipal KaMpfumo, a zona nobre da capital, mostrou evidências dos crimes eleitorais: "O tribunal extraiu cópias da sentença e da ata e enviou para o Ministério Público. Por outras palavras, os próprios tribunais reconhecem que as pessoas que estiveram envolvidas na falsificação de resultados, de editais, devem ser responsabilizadas criminalmente."
O Ministério Público ainda não se pronunciou sobre as alegações da RENAMO.
O cabeça de lista da RENAMO afirma que, no distrito de KaMubukwana, a juíza não leu a sentença porque alegadamente foi ameaçada de morte. "Pôs-se em fuga, porque estava a ser ameaçada, que lhe iam raptar os filhos e poderia ser assassinada", denuncia Mondlane.
"É por isso que, apesar de a ata provar que houve falsificação de editais, ela não conseguiu dar uma sentença de acordo com a prova produzida na sede de tribunal, em audiência", acrescenta.
Um "tsunami" de convulsões sociais
O cabeça de lista diz que não vai aceitar outro resultado que não seja a vitória da RENAMO e sublinha que não se vai responsabilizar pelas convulsões sociais que surgirem caso a vitória não lhe seja favorável.
"Os jovens estão disponíveis a ir até às últimas consequências e não será a RENAMO que vai parar o tsunami que virá da juventude da cidade de Maputo."
Na semana passada o vice-presidente da Conferência Episcopal, Dom João Carlos Nunes, pediu aos órgãos eleitorais para que divulguem os resultados que expressam a vontade do povo.
"Se for necessário esse processo de revisão, que se tenha essa coragem e não só a pressa de dizer que o processo já está concluído, sem sanar os problemas", disse o bispo.
A RENAMO agendou para terça-feira, na cidade de Maputo, mais uma marcha para contestar os resultados do apuramento intermédio que dão a vitória à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).