RENAMO pode pedir ilegalidade de recolher obrigatório
16 de fevereiro de 2021A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) está a estudar a possibilidade de pedir a declaração de inconstitucionalidade do recolher obrigatório em vigor junto do Conselho Constitucional (CC). A informação é da agência Lusa.
Em entrevista à DW, o porta-voz do partido em Maputo, Ivan Mazanga, já havia informado que o partido considera "inconstitucional" o recolher obrigatório decretado para a capital de Moçambique e alguns distritos da província de Maputo visando conter a propagação de Covid-19.
O porta-voz da RENAMO na cidade de Maputo, Ivan Mazanga, disse que as limitações dos direitos fundamentais só podem ser impostas através do estado de emergência, estado de sítio e estado de guerra aprovados pela Assembleia da República e não por via de um estado de calamidade pública, como é o caso do atual recolher obrigatório.
"O recolher obrigatório a partir das 21:00 é uma séria limitação a um direito fundamental, que é a livre circulação, e isso não pode ser determinado ao abrigo do estado de calamidade pública e pelo executivo, sem o crivo da Assembleia da República", avançou Ivan Mazanga.
"Estamos a avaliar as opções que a Constituição da República e a lei nos dão para nos opormos veementemente a esta inconstitucionalidade", acrescentou.
Rigor contra trabalhadores
Mazanga acusou ainda as autoridades de "desproporcionalidade" na imposição do recolher obrigatório, por serem implacáveis em relação à presença de trabalhadores na via pública, a partir das 21:00, num contexto em que o sistema de transporte público em Moçambique é deficiente.
"Uma vez que o nosso sistema de transporte público é deficiente, defendemos razoabilidade no rigor com que se aplica o recolher obrigatório", sublinhou Ivan Mazanga.
A cidade de Maputo e os distritos de Matola, Marracuene e Boane vivem sob recolher obrigatório desde o dia 05 de fevereiro mês por um período de 30 dias, entre as 21:00 e as 04:00. As novas restrições foram decretadas face ao aumento do número de óbitos, internamentos e casos de Covid-19 que, só em janeiro, superaram os números de todo o ano de 2020, concentrando-se em Maputo. Moçambique contabiliza um total acumulado de 547 mortes e 50.691 casos.