RENAMO quer controlar carros no centro e norte de Moçambique
9 de fevereiro de 2016A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) anunciou que vai começar a fiscalizar viaturas "suspeitas" nas estradas do centro e norte do país. A ala militar do maior partido da oposição em Moçambique criará grupos e postos de fiscalização nas maiores estradas das seis províncias onde reclama vitória nas eleições gerais de 2014.
"Esses controlos vão servir para fiscalizar os carros que saem do sul para o centro, do centro para o sul, do norte para o sul...", explicou, esta segunda-feira (08.02), o chefe de propaganda e mobilização da RENAMO na província central de Sofala, Horácio Calavete.
A medida visa interditar a circulação na região centro de Moçambique de viaturas transportando material bélico e militares para as antigas zonas de conflito, segundo Calavete. A RENAMO pretende "colocar controlos em toda a estrada, entre Inchope-Rio Save, Inchope-Caia, e Inchope-Rio Zambeze, de Tete."
Acusações mútuas de raptos e assassinatos
A RENAMO denuncia ainda atos de tortura e assassinato de membros incómodos do partido por alegados grupos ligados à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), no poder.
"Este país já passou ao 'cala a boca'. Por estar a falar à imprensa posso ser baleado", afirmou Horácio Calavete.
A 20 de janeiro, o secretário-geral do maior partido da oposição, Manuel Bissopo, foi baleado por desconhecidos na cidade da Beira, depois de realizar uma conferência de imprensa. O guarda-costas de Bissopo morreu no local do ataque.
Na Beira, o chefe de propaganda e mobilização da RENAMO, Horácio Calavete, diz que o partido pode tomar novas medidas: "Vai-se preparar pequenos subgrupos, que vão atuar se a situação prevalecer no terreno."
Mas a FRELIMO desmente as acusações, acrescentando que a RENAMO é quem sequestra e executa os seus membros e chefes dos postos.
"Preocupam-nos de sobremaneira os raptos e intimidações protagonizados por homens armados da RENAMO em alguns distritos da nossa província, particularmente nos distritos de Gorongosa, Maríngué, Cheringoma, Muanza, Nhamatanda e Chibabava", afirmou Fátima Batalhão, secretária de mobilização e propaganda da FRELIMO em Sofala.
"Podemos citar o rapto ocorrido a 11 de dezembro do ano transato. A RENAMO raptou o primeiro secretário de um dos comités de círculo do distrito de Muanza e, até ao momento, desconhece-se o seu paradeiro assim como o seu estado de saúde. Não sabemos se ele está vivo ou morto", concluiu Batalhão.
A tensão política intensifica-se a três semanas do início de março, mês anunciado pela RENAMO para o arranque da sua governação em seis províncias do centro e norte de Moçambique.