RENAMO quer recuperar sede tomada pela polícia em Nampula
11 de abril de 2018Já passaram mais de seis anos desde que a Força de Intervenção Rápida (FIR) e o Grupo de Operações Especiais tomaram de assalto a sede da delegação da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), na Rua dos Sem Medo, em Nampula, a 8 de março de 2012. Segundo as autoridades, o objetivo era garantir a ordem e a tranquilidade nas imediações, devido à presença de ex-guerrilheiros na sede do partido.
Agora, depois de vencer as eleições intercalares em Nampula, a RENAMO quer recuperar o seu património. A polícia, no entanto, não mostra interesse em devolver a sede ao maior partido da oposição moçambicana.
"As atividades do partido continuam, quem sai a perder é a própria polícia e o Governo, que mantêm as instalações da RENAMO, numa altura em que vivemos momentos de democracia e de reconciliação", diz André Magibiri, deputado e mandatário nacional da RENAMO.
A situação em Nampula "só mancha a imagem do Governo e da polícia e não faz sentido que continuem a fazer refém aquilo que é propriedade da RENAMO", sublinha o deputado.
Pela primeira vez, a RENAMO vai governar a cidade de Nampula, na sequência da vitória do candidato Paulo Vahanle na eleição intercalar de 14 de março.
Conseguirá a liderança do partido finalmente recuperar a sua sede? "Isso havemos de ver e está na manga. Nessa altura poderemos pronunciar-nos. Vamos trabalhar em relação a isso", responde André Magibiri.
Devolução após ordens superiores?
Na sede da RENAMO viviam centenas de antigos guerrilheiros, vindos de diferentes pontos do país. Segundo a polícia, que diz ter agido dentro da legalidade, o local e quase toda a região eram alvo de "práticas criminosas" perpetradas por ex-guerrilheiros daquela formação política, afirma o porta-voz Zacarias Nacute.
"Por meios legais, a Polícia tomou posse daquele espaço e colocou agentes para que possam garantir a ordem, segurança e tranquilidade públicas. Desde o momento notou-se uma acentuada baixa da criminalidade, graças ao posicionamento da polícia", sublinha.
Segundo Zacarias Nacute, a corporação vai devolver o edifício à RENAMO quando receber uma ordem nesse sentido de "outras entidades". O porta-voz da polícia não revela, no entanto, a que entidades se refere.
"Quanto aos problemas de ocupação do espaço", acrescenta Nacute, "existem entidades que estão a trabalhar sobre isso e oportunamente essas entidades irão dar desfecho à situação". Para já, assegura, "a Polícia está a garantir a segurança naquele local".
Durante a ocupação de 8 de março de 2012, registaram-se confrontos que resultaram em duas vítimas mortais, entre elas um agente da FIR e um homem da RENAMO. Foram também detidos 35 ex-guerrilheiros do partido liderado por Afonso Dhlakama.