Repórteres da Casa Branca recebem prémio da DW
20 de junho de 2017O presidente da Associação dos Correspondentes da Casa Branca (WHCA, na sigla em inglês), recebeu o Prémio Liberdade de Expressão esta segunda-feira (19.06) durante a conferência Global Media Forum, organizada pela Deutsche Welle (DW) em Bona.
Jeff Mason, presidente da WHCA desde julho de 2016, disse sentir-se honrado pelo galardão, acrescentando que a sua associação "nunca teria almejado ou sequer esperado" receber o Prémio Liberdade de Expressão.
"Se a entrega deste prémio faz com que se ajude a sublinhar a importância da liberdade de imprensa em todo o mundo e se a escolha da Deutsche Welle salienta o facto de mesmo em democracias estabelecidas ser necessário lutar pelos direitos dos jornalistas… então, é dentro desse espírito que recebo este prémio, com humildade e gratidão", afirmou Mason durante a cerimónia de entrega.
O responsável admitiu que, desde a eleição de Donald Trump em novembro de 2016, "aumentaram significativamente" os desafios dos repórteres da WHCA. O novo Presidente norte-americano tem classificado constantemente vários órgãos informativos e jornalistas como "notícias falsas", apelidando mesmo alguma imprensa como "inimigo do povo norte-americano".
O diretor-geral da DW, Peter Limbourg, afirmou que o prémio é um "sinal de solidariedade e encorajamento para os colegas que têm a tarefa estimulante de reportar sobre o Presidente norte-americano e as suas políticas."
"Mantenham-se unidos, nunca desistam"
O presidente da Associação da Imprensa Alemã, Gregor Mayntz, mostrou-se surpreendido durante a cerimónia de entrega do galardão: "Há algumas pessoas importantes neste mundo que deveriam ficar envergonhadas por a WHCA ter merecido este prémio", acrescentou.
Mayntz elogiou os colegas norte-americanos pelo seu profissionalismo, transparência e empenho na verificação de factos. "Mantenham-se unidos, nunca desistam, pois os desafios para a democracia e para a liberdade de expressão não se limitam a um único país", apelou.
Monika Grütters, comissária do Governo Federal alemão para a Cultura e para a Comunicação Social, lembrou durante um discurso que as democracias só se podem defender contra "ataques autoritários e totalitários" quando há liberdade de expressão.
Grütters notou ainda que os países que limitam a liberdade de imprensa, colocando na prisão jornalistas e vozes críticas, anunciam a "morte da democracia".
"Só a diversidade de opiniões e perspetivas ajuda a legitimar a verdade", acrescentou.
A DW atribui o Prémio Liberdade de Expressão há dois anos para distinguir iniciativas ou indivíduos que se destacam na promoção da liberdade de expressão e dos direitos humanos.
No ano passado, o prémio foi entregue a Sedat Ergin, na altura chefe de redação do diário turco Hurriyet, um dos poucos jornais na Turquia críticos ao Governo. Raif Badawi, um blogger saudita detido há cinco anos, recebeu o prémio em 2015.
"Perde-se a democracia, perde-se a liberdade de imprensa"
Durante o primeiro dia do Global Media Forum, que decorre até quarta-feira (21.06), vários oradores mostraram-se preocupados com as atuais violações às liberdades de imprensa e de expressão. Muitos referiram que trabalham em "tempos conturbados", denunciando as restrições e as reações negativas que enfrentam no dia-a-dia, não só de governantes como também do público em geral.
Samm Farai Monro, um artista que trabalha na Magamba TV no Zimbabué, afirmou: "Nós temos liberdade para nos expressarmos, mas não temos liberdade depois de nos expressarmos."
Özgür Mumcu, um advogado turco e jornalista no Cumhuriyet, sublinhou num painel sobre liberdade de imprensa na Turquia que o país não tem só um problema de "notícias falsas", mas também de "falsa democracia".
"Perde-se a democracia, perde-se a liberdade de imprensa", acrescentou.
Apresar dos desafios colocados à imprensa em todo o mundo, o presidente da WHCA, Jeff Mason, pediu aos jovens profissionais que não desistam.
"Não há melhor altura do que a que vivemos para ser jornalista, e não há altura mais importante para o ser", disse.