Rui Pinto: "Portugal tornou-se lavandaria da elite angolana"
28 de agosto de 2020Nas vésperas do início do seu julgamento, na próxima sexta-feira (04.08), o hacker português Rui Pinto diz que a sua intenção foi sempre cooperar com as autoridades. E refere que tudo o que fez foi "para o público".
O português teria, no entanto, imposto uma condição para cooperar: o material que reuniu em vários discos rígidos não deveria ser usado contra ele. De acordo com a revista Der Spiegel, as informações já estão na posse dos investigadores.
"Durmo bastante bem"
Na primeira entrevista desde que foi libertado, o português afirma que a sua vida "continua em risco" após vazar os documentos dos escândalos "Football Leaks" e "Luanda Leaks".
Ainda assim, Rui Pinto revela que continua a dormir "bastante bem", porque cumpriu o seu principal objetivo, denunciar infrações.
"É revoltante que Portugal se tenha tornado uma lavandaria das elites angolanas", afirma na entrevista à publicação alemã, publicada esta sexta-feira (28.08).
Contudo, Rui Pinto reconhece que, a certa altura, foi "ingénuo".
"Lamento em particular uma coisa: ter este contacto com Nélio Lucas".
Lucas é um antigo administrador da empresa Doyen Sports, que acusou Rui Pinto de tentativa de extorsão. De acordo com a acusação, o hacker português teria pedido entre meio milhão e um milhão de euros para não publicar documentos alegadamente comprometedores. Pinto justifica que queria apenas testar a empresa e rejeita ter cometido qualquer crime, escreve ainda a Spiegel.
Antes do início do julgamento na próxima semana, o hacker português, sob proteção policial, diz estar focado numa única coisa: "Quero resolver a minha situação legal […] Quero ser absolvido."