Sahle-Work Zewde é a primeira mulher Presidente da Etiópia
25 de outubro de 2018O Parlamento etíope elegeu por unanimidade nesta quinta-feira (25.10) a diplomata Sahle-Work Zewde para o cargo de Presidente do país, um dia após a renúncia de Mulatu Teshome. Zewde é a primeira mulher a chegar à Presidência da Etiópia – função que deverá assumir por dois mandatos de seis anos.
A embaixadora eleita Presidente é atualmente subsecretária-geral da ONU e representante especial do secretário-geral, António Guterres, para a União Africana. Sahle-Work, com quase 70 anos de idade, já foi embaixadora da Etiópia em França, Djibuti, Senegal e no bloco regional, a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD).
"Enquanto não houver paz no país, as mães vão se sentir frustradas. Por isso, precisamos trabalhar pela paz para nossas mães", disse Sahle-Work ao Parlamento após sua nomeação como Presidente.
No Twitter, o chefe de gabinete do Parlamento etíope, Fitsum Arega, disse que este é um "momento histórico" para o país.
Fitsum acrescentou que "numa sociedade patriarcal como a nossa, a nomeação de uma mulher como chefe de Estado não apenas estabelece o padrão para o futuro, mas também normaliza as mulheres como tomadores de decisão na vida pública".
O Presidente da Etiópia é oficialmente o chefe de Estado, mas as suas responsabilidades são essencialmente simbólicas e honorárias. A maior parte do poder está nas mãos do primeiro-ministro, que representa o país nas grandes cúpulas internacionais.
Antes de nomearem Sahle-Work, as duas câmaras do Parlamento anunciaram a demissão do Presidente Mulatu Teshome, que ocupava o cargo desde 2013. Entretanto, não foi dada nenhuma justificação relativamente à renúncia de Mulatu, mas os observadores acreditam que é resultado das negociações entre os quatro partidos que formam a coligação no poder, a Frente Democrática Revolucionária do Povo Etíope (EPRDF).
Mais mulheres na política
O primeiro-ministro reformista da Etiópia, Abiy Ahmed, na semana passada remodelou o seu gabinete com a nomeação de 20 pessoas, tendo sido a metade dos cargos ocupados por mulheres.
Eles incluem a ministra da defesa Aisha Mohammed e Muferiat Kamil, que lidera o recém-criado Ministério da Paz, responsável pela polícia e agências de inteligência domésticas. A reforma tornou a Etiópia o terceiro país em África, depois do Ruanda e Seychelles, a alcançar a paridade de género em seus gabinetes.