Acabar com "democracia armada" em Moçambique
12 de junho de 2019Em Moçambique, Daviz Simango, líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o segundo maior partido da oposição formalizou nesta quarta-feira (12.06.) a sua candidatura às presidenciais de 15 de outubro no Conselho Constitucional. Caso a candidatura seja validada, será a terceira vez que Simango concorre à Presidência da República, depois de o ter feito em 2009 e 2014. Recorde-se, que as candidaturas para as eleições gerais encerram a 15 de julho. Antes desse prazo, o Conselho Constitucional terá de verificar a legalidade das propostas, para a sua validação ou rejeição
Nos últimos anos o MDM experimentou uma ascensão extraordinária nas eleições autárquicas, mas no último pleito sofreu igualmente derrocadas históricas. Neste contexto, como o partido de Daviz Simango entra para as eleições gerais deste ano? Falamos com Daviz Simango, que prometeu acabar com a "democracia armada" no país caso vença.
DW África: Qual será uma das primeiras medidas que irá tomar caso vencer o pleito eleitoral de outubro próximo?
Daviz Simango (DS): Fomos forçados a ter uma lei de descentralização de modelo armado e chega-se hoje à conclusão que afinal de contas os governadores que vão dirigir não irão ter os poderes desejados como deveriam ter. Por outro lado, continuamos a assistir assassinatos e violações dos direitos humanos tudo porque afinal há muitas armas espalhadas pelo país e essas armas têm donos que fazem a transação comercial, vende essas armas em detrimento da proteção da vida humana. Portanto, tudo o que quero fazer neste momento é salvar vidas, garantir o respeito pela vida humana e para isso é preciso rápidamente adotar uma solução de diálogo direto, aberto, envolvendo toda a sociedade civil, todos os atores interessados para que de facto não haja nada escondido em torno deste aspeto.
DW África: Alianças estratégicas para aumentar a base eleitoral do MDM entra nas equações do seu partido?
DS: O que sei é que o partido tem os seus órgãos e mesmo anteriormente o congresso definira uma espécie de coligação. Portanto, o MDM está a preparar-se para concorrer e eventualmente depois das eleições poderá haver algum interesse pós-eleitoral por causa dos assentos na Assembleia da República ou então, uma eventual necessidade de ser garantida a solidez em determinadas matérias. Naturalmente o MDM irá apoiar aquilo que é do interesse do povo.
DW África: E já houve algum interesse manifestado por parte de outras formações políticas nesse sentido?
DS: Não gostamos de aventuras e nem queremos ser aventureiros. Pode ter havido um ou outro que queira manifestar algum interesse mas de uma forma limitada, sem bases de apoio. Portanto, o MDM com muito sacrifício consentido nesses anos todos construiu uma base política sólida e quer ampliá-la. É importante que todos aqueles que queiram juntar-se ao MDM que tragam também as suas bases para que de facto possamos estar juntos e podermos caminhar ou avançar com uma plataforma comum. Mas, o MDM neste momento não tem nenhuma ação na manga, não tem nenhum acordo seja com quem for porque o que nos interessa é melhorar a plataforma das nossas bases e garantir de facto que ela participe nas eleições e possa trazer frutos ou seja votos da população.
DW África: A derrapagem do MDM nas eleições autárquicas não intimidou ou amedrontou o partido para este processo que vai acontecer em outubro próximo, as eleições gerais?
DS: Não e nem tão pouco...É verdade que passamos por um período extremamente difícil, em que as pessoas nos atiravam pedras, as Tvs, as rádios e os jornais só falavam do MDM de uma forma muito negativa e hoje assistimos a situações muito piores vividas pelos nossos partidos opositores. A imprensa já não escreve, os comentadores já não falam... a bola virou para o outro lado e todo o mundo está calado. Estamos seguros que toda aquela manobra dilatória no sentido de desacreditar o MDM não surtiu efeito porque o MDM é forte e tratou-se sómente de uma tentativade para retardar a marcha do MDM. Mas atualmente estamos bem acordados e sabemos o que vamos fazer nessas eleições de outubro.