Camponeses no sul de Angola perdem colheitas
20 de fevereiro de 2015No interior da província de Benguela, litoral de Angola, a seca está a pôr em causa a sobrevivência de milhares de famílias camponesas. Há registo de milhares de hectares de culturas perdidas. Sucedem-se os apelos para a intervenção do Governo no sentido de pôr em prática um plano de contingência eficaz para combater o impacto negativo da estiagem, que põe em causa a sobrevivência das populações que vivem do campo.
Os municípios da Ganda, Bocoio, Chongoroi e Balombo são os mais afectados pela seca pelo quinto ano consecutivo. Isso mesmo foi confirmado à emissora local da Rádio Nacional de Angola por um responsável da Estação de Desenvolvimento Agrário, Manuel Chitumba.
Apesar do planeamento satisfatório da campanha agrícola de 2014 /2015, disse este responsável, “devido a fatores exógenos que são as condições climáticas” os prejuízos são avultados: “E todo o trabalho que foi feito para constatar in loco esta situação, mostrou-nos que o prejuízo está acima da média”, adiantou Chitumba.
Culturas demasiado dependentes da chuva
Como alternativa, o responsável da Estação de Desenvolvimento Agrário, instituição ligada ao ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, defende que os camponeses devem optar por culturas que não dependem exclusivamente da chuva: “No fim disto as pessoas deviam engajar-se na cultura da batata doce e das hortícolas”. Por que senão, acrescenta, "o prejuízo é mais que certo".
A situação da seca no interior da província de Benguela já levou o secretário provincial da UNITA, Alberto Ngalanela, a visitar os municípios afetados. À DW África, o dirigente do maior partido na oposição em Angola constatou no terreno que já estão perdidas 70% das culturas: “Mesmo que caia mais chuva nos próximos dias, as culturas estão já numa fase de não recuperação”. O político da UNITA critica o Governo por estar a acudir as populações com um programa de assistência alimentar, ao invés de uma intervenção no campo da agricultura: “É mais um projeto assistencialista”, remata.