Sobrelotação escolar está a prejudicar ensino
17 de março de 2017Em algumas escolas secundárias da cidade de Quelimane, capital da província central da Zambézia, o número de alunos nas salas de aula chega a ultrapassar o dobro do limite estabelecido pelas autoridades para o ensino público.
Registam-se casos em que há apenas um professor para 150 ou mesmo 200 alunos. Para o ensino público, prevê-se um máximo de 80 alunos por sala. No privado, o limite é 70.
O Diretor Provincial de Educação na Província da Zambézia, Armindo Primeiro, afirma que o excesso de alunos nas salas das escolas públicas é um desafio para o sector da educação: "Somos desafiados pelo crescimento da própria rede escolar, que às vezes cresce mais do que nós admitimos como professores. Temos 5500 escolas e praticamente um milhão e quinhentos de
alunos vão passando para 1600 escolas."
A DW África visitou algumas escolas em Quelimane. Uma delas, a Escola Secundária de Sangarriveira, tem cerca de 4 mil alunos e 13 salas de aulas. Em cada sala de aula pelo menos 30 alunos estão sentados nas janelas e no chão, porque não há espaço que chegue para todos.
Apesar desta realidade, a diretora da escola, Paulina Alamo, desmente a sobrelotação das salas de aula e más condições para a aprendizagem, pelo menos no seu estabelecimento: "Só temos 80 alunos por turma, não temos problemas de carteiras, até porque recebemos mais 100 carteiras."
Ainda assim, Paulina reconhece a falta de salas de aula e pede ao Governo que construa escolas com salas de dimensão, adequadas à realidade atual.
Sobrelotação é uma queixa com "cabelos brancos"
As autoridades governamentais da Zambézia, nomeadamente a direção de educação, reúnem semestralmente com os parceiros de educação. Nestes encontros, o excesso de alunos nas salas é uma queixa recorrente. Os parceiros afirmam que este é um dos principais fatores que contribuem para a má qualidade do ensino público. E muitos professores na Zambézia preferem dar aulas nas escolas privadas onde, afirmam, haver condições necessárias para ensinar.
Uma professora de uma escola em Quelimane, que pede o anonimato, diz que "é um exagero, salas com 200 alunos quando os alunos são muitos numa turma, há problemas de comunicação, é difícil atender um por um e há muito barulho" e por isso faz um apelo: "Agradecia ao Governo que aumentasse o número de turmas na Zambézia."