Subida dos combustíveis gera insatisfação em Moçambique
23 de março de 2017Vários proprietários de transportes de passageiros dizem ter sido apanhados de surpresa com a subida do preço dos combustíveis, na quarta-feira (22.03.). A gasolina passou a custar 56,06 meticais o litro (cerca de 14 cêntimos de euro) em vez de 50,02 meticais (13,6 cêntimos) e o gasóleo custa agora 51,89 meticais o litro (71 cêntimos) em vez de 45,83 meticais (13 cêntimos).
O Governo moçambicano assegura que manteve os subsídios à agricultura e aos transportes públicos. Mas, na província central de Manica, os transportadores afirmam que nunca receberam apoio estatal. Por isso, vêem-se obrigados a aumentar as tarifas e receiam perder clientes.
Na quarta-feira, os transportadores paralisaram as suas atividades durante a manhã, em protesto. Ameaçam agora fazer greve durante uma semana se o Executivo não recuar na decisão de aumentar os combustíveis, ou se continuarem a não receber subsídios.
"Vamos ter de parar. Não há como", diz Valdemiro Adamo, um dos profissionais que falou à DW África em representação dos colegas.
Mais aumentos no futuro?
O preço dos combustíveis será ajustado mensalmente, segundo as autoridades moçambicanas.
"A nossa rotina vai ser um bocado complicada. Vamos ter de ir a pé. Não haverá outra alternativa", desabafou um passageiro.
Almirante Dimas, diretor nacional adjunto de Hidrocarbonetos e Combustíveis no Ministério de Recursos Minerais e Energia, defendeu, no entanto, a necessidade de aumentar os preços face à situação de "rutura iminente" no passado e ao "nível de dívida do subsídio generalizado que o Governo já não suporta".
Entretanto, Alfredo Canhenze, presidente da Associação dos Transportadores de Passageiros de Manica (ATPM), avisou que, com este aumento, a tarifa interurbana terá de ser revista até ao início de abril para responder ao descontentamento dos operadores e impedir novas paralisações.