Tanzanianos reúnem-se para último adeus a John Magufuli
20 de março de 2021Nas ruas de Dar es Salaam, capital económica da Tanzânia, o clima era de luto e tristeza. Vários tanzanianos reuniram-se neste sábado (20.03) para prestar sua última homenagem ao antigo Presidente John Magufuli, que morreu na quarta-feira (17.03), aos 61 anos.
Sem adiantar números, a agência francesa de notícias AFP dá conta de pessoas amontoadas nos passeios da capital económica da Tanzânia para atirar pétalas à passagem do caixão do antigo Presidente do país, John Magufuli, que foi transportado por um veículo militar entre uma igreja e o estádio Uhuru ('independência', em swahili), onde ficará em câmara ardente.
Cortejo
O cortejo foi liderado pela nova Presidente do país, Samia Suluhu Hassan, que era vice-presidente e tornou-se a primeira mulher a ascender ao cargo, onde, segundo a Constituição da Tanzânia, se deve manter até ao final do mandato, que termina em 2025.
Hassan, que nesta sexta-feira (19.03) tomou posse como a primeira mulher Presidente do país, liderou uma procissão governamental que passou pelo caixão, coberto com a bandeira tanzaniana, e ofereceu as suas condolências à esposa de Magufuli.
Foi Suluhu Hassan quem anunciou a morte de Magufuli na noite de quarta-feira (17.03), num discurso à nação que pôs fim a semanas de especulação sobre a ausência do chefe de Estado, reeleito em outubro e que não era visto desde final de fevereiro.
Durante a cerimónia de sepultamento, neste sábado, muitos usavam preto, ou as cores verde e amarela, do partido no poder; mas poucos, dentro do estádio, ou entre a multidão amontoada na parte exterior, usavam máscaras faciais de proteção contra a Covid-19 - um ceticismo que o próprio antigo Presidente Magufuli tinha encarnado.
"É demasiado cedo para ir, pai. Tocaste as nossas vidas e nós ainda precisávamos de ti", disse, no local, a cidadã tanzaniana Beatrice Edward.
"Perdemos o nosso defensor", desabafou outro cidadão, Suleiman Mbonde, um comerciante.
"Rumores"
Há semanas que circulavam rumores sobre a saúde de Magufuli, que davam conta de que teria procurado ajuda médica no estrangeiro, depois de ter sido infetado com o novo coronavírus, de acordo com a oposição no país.
Magufuli era um dos mais proeminentes negacionistas africanos da Covid-19, tendo afirmado que a Tanzânia estava "livre" da doença, em virtude das orações dos tanzanianos.
A Tanzânia não publica quaisquer números oficiais sobre a doença desde o final de abril de 2020, tendo deixado o número de infeções estagnado em 509, 21 das quais terminaram em mortes.
Em junho de 2020, o chefe de Estado declarou que a pandemia tinha sido superada no país, graças à intervenção divina. Reeleito em outubro, Magufuli, apelidado de "Bulldozer", chegou ao poder em 2015, prometendo combater a corrupção.
O seu primeiro mandato foi marcado, segundo muitas organizações de direitos humanos, por uma deriva autoritária, repetidos ataques à oposição e o recuo das liberdades fundamentais.
John Magufuli morreu na quarta-feira, aos 61 anos, vítima de uma doença cardíaca de que sofria há dez anos, informou a então vice-presidente.