Mangas apodrecem em Inhambane por falta de compradores
6 de janeiro de 2019Muitas toneladas de mangas têm apodrecido na província moçambicana de Inhambane, no sul de Moçambique. Os produtores dizem que os compradores estabelecem os preços. E falta um sistema industrial que permita aproveitar o produto em todas as suas vertentes.
Ricardo Simango produz grandes quantidades de manga todos os anos, mas não tem encontrado compradores – mesmo fazendo promoções e vendendo as frutas a um preço simbólico.
"Na minha machamba tenho muitas mangueiras, produzem bem e muitas delas apodrecem”, afirma. "Não há pessoas para acabar [com o produto], faço promocão porque a bacia vende-se a 30 ou 20 meticais (cerca de 50 cêntimos de euro), a esses que vêm de Maputo, porque vêm marcar o preço deles e a conta não sai".
Autoridades reconhecem problema
Beatriz Joel, diretora das actividades económicas em Morrumbene, região que produz grandes quantidades de manga na província, revela à DW África que mais de 50 mil produtores de mangas também têm registado perdas por falta do sistema industrial.
"Desta nossa produção, cerca de 40 por cento é o que conseguimos absorver, comercializando e processando. 60 por cento é toda perdida porque não temos a industrialização para as fases subsequentes", admite.
"Poderíamos fazer jamu, sumo, chips e outros subprodutos da manga, mas não temos condições para fazer isso", diz Beatriz Joel.
Os vários supermercados da província de Inhambane comercializam sumos de manga importados da África do Sul e de outros países da África Austral.
Prejuízos diários
Maria Mário, uma vendedora de mangas em Inhambane, afirma que está a somar prejuízos todos os dias e a pequena fábrica local que processa as frutas não compra mangas maduras. Mesmo assim, diz que não vai abandonar o negócio.
"Não está a sair bem, porque estamos a comprar caro e vendemos barato. Aquelas mangas que restam temos de as levar para casa e dar aos porcos. A fábrica não compra", explica.
Para ultrapassar esta dificuldade, o Governo tem envidado esforços junto dos investidores com vista ao aproveitamento das mangas, garante Beatriz Joel: "Nós achamos que temos condições para colher os investidores. Aos produtores, apelamos à manutenção dos pomares da manga, para evitar eventuais eclosões de pragas".