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TotalEnergies investigada por suposta negligência em Palma

AFP | Lusa
4 de maio de 2024

A justiça francesa abriu uma investigação contra a TotalEnergies em França por homicídio involuntário e omissão de socorro durante um ataque extremista no norte de Moçambique. Queixa foi apresentada por sobreviventes.

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Zona perto da entrada do acampamento do projeto de gás natural liquefeito explorado pela TotalEnergies em Afungi
Zona perto da entrada do acampamento do projeto de gás natural liquefeito explorado pela TotalEnergies em AfungiFoto: Roberto Paquete/DW

Em causa está uma queixa apresentada por sobreviventes e familiares das vítimas do ataque em Palma, Moçambique, em março de 2021 informou o Ministério Público de Nanterre, perto de Paris. A petrolífera francesa, que lidera o projeto de exploração de gás natural no norte de Moçambique, é suspeita de uma série de atos de negligência.

O Ministério Público de Nanterre disse à AFP que vai investigar o caso para determinar "se deve ser prosseguido, encerrado ou investigado".

"Trata-se de um passo positivo e estamos satisfeitos por o Ministério Público francês ter reagido rapidamente, tomando em consideração os nossos pedidos", declarou à AFP Nicholas Alexander, um queixoso sul-africano que sobreviveu ao ataque, denunciando a "quota-parte de responsabilidade" do gigante petrolífero no caso.

"Congratulamo-nos com a decisão do Ministério Público em França", disse à AFP Anabela Lemos, ativista da organização Amigos da Terra, em Moçambique.

Segundo a ativista, "os impactos negativos e o comportamento imprudente da Total em Moçambique vão muito além daqueles dias de março de 2021", esperando assim que a abertura desta investigação "marque um primeiro passo positivo para responsabilizar a empresa pela morte e destruição causadas".

Militares ruandeses patrulham Afungi em 2022
Militares ruandeses patrulham zona de exploração em AfungiFoto: Camille Laffont/AFP/Getty Images

Contactado pela AFP este sábado (04.05), um porta-voz da TotalEnergies recordou a posição da empresa sobre esta matéria, já tornada pública em outubro de 2023, quando a queixa foi apresentada. 

Na ocasião, a empresa fez questão de "rejeitar firmemente estas acusações" e de "recordar a ajuda de emergência que as equipas da Mozambique LNG" (subsidiária da Total no país) "prestaram e os meios que mobilizaram para permitir a retirada de mais de 2.500 pessoas" do centro de exploração de Afungi, a cerca de dez quilómetros do centro de Palma.

O atentado de Palma, reivindicado por um ramo africano do Estado Islâmico (EI), teve início em 24 de março de 2021, durou vários dias e, até à data, causou um número desconhecido de vítimas entre a população local e os subcontratantes da TotalEnergies.

Na ocasião, a Total liderava o megaprojeto de exploração de um enorme depósito de gás natural na península de Afungi.

O ataque levou à suspensão do projeto, que representa um investimento total de 20 mil milhões de dólares (18 milhões de euros). 

O presidente do grupo, Patrick Pouyanné, havia referido que esperava relançar o projeto antes do final de 2023, algo que não sucedeu.

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