Alemanha e Itália reafirmam apoio total à Ucrânia
24 de agosto de 2022As autoridades ucranianas disseram que explosões atingiram várias cidades hoje de madrugada, incluindo Kharkiv (nordeste), Zaporijia e Dnipro (centro). "Vamos continuar a entregar armas e a treinar soldados ucranianos em equipamento europeu de ponta", disse o chanceler alemão, Olaf Scholz, numa mensagem divulgada na rede social Twitter.
O Governo alemão anunciou, na terça-feira (23.08), que vai entregar novas armas à Ucrânia no valor de 500 milhões de euros, parte das quais em 2023. Os novos fornecimentos incluem sistemas de defesa antiaérea Iris-T, tanques e lançadores móveis de foguetes, munições e dispositivos antidrones (aeronaves não tripuladas).
"Continuaremos as nossas sanções, daremos apoio financeiro à Ucrânia e ajudaremos a reconstruir cidades e aldeias destruídas", assegurou Scholz, citado pela agência francesa AFP.
Scholz reiterou a sua intenção, anunciada na terça-feira, de organizar "no final de outubro, em Berlim, uma conferência internacional sobre a reconstrução" da Ucrânia. "A Alemanha apoia firmemente a Ucrânia hoje e enquanto a Ucrânia precisar do nosso apoio", disse.
Apelos ao fim da guerra
O primeiro-ministro em exercício de Itália, Mario Draghi, e o Presidente da República, Sergio Mattarella, também expressaram apoio à Ucrânia e apelaram para o fim da guerra.
O Governo italiano "continuará a fornecer apoio político, financeiro, militar e humanitário", disse Draghi numa mensagem citada pela agência espanhola EFE.
O objetivo, referiu, é que a Ucrânia se possa defender da agressão russa e "alcançar uma paz duradoura, em termos que considere aceitáveis".
Draghi também agradeceu o empenho de Kiev no desbloqueio das exportações de cereais através do Mar Negro, que considerou "um primeiro passo importante para garantir a segurança alimentar global".
O acordo sobre os cereais foi celebrado no final de julho, entre a Ucrânia, a Rússia, a Turquia e as Nações Unidas. Desde 1 de agosto, dezenas de navios transportaram centenas de milhares de toneladas de cereais ucranianos para vários destinos no mundo, através de uma rota de segurança predefinida.
Receios de escassez alimentar
O receio de uma situação de escassez alimentar a nível global é uma das consequências da guerra entre a Ucrânia e a Rússia.
Em conjunto, segundo a revista britânica The Economist, os dois países fornecem 28% do trigo consumido no mundo, 29% da cevada, 15% do milho e 75% do óleo de girassol.
Numa mensagem também citada pela EFE, o chefe de Estado italiano, Sergio Mattarella, apelou ao fim imediato da hostilidades para ser possível negociar uma "solução pacífica, justa, equitativa e sustentável para a Ucrânia".
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, para "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho, desconhecendo-se o custo dos primeiros seis meses de guerra em vidas humanas.
Estimativas de baixas
As duas partes têm anunciado baixas que infligem uma à outra, na ordem das dezenas de milhares, evitando mencionar as perdas próprias.
No entanto, na segunda-feira (22.08), o chefe militar da Ucrânia, general Valeri Zaluzhnyi, admitiu a morte de cerca de 9.000 soldados ucranianos.
O último balanço referido pela Rússia data de 25 de março, quando Moscovo admitiu 1.341 mortos e 3.825 feridos entre as suas forças.
As estimativas ocidentais de mortos russos variam entre mais de 15.000 e mais de 20.000, mais do que as baixas da União Soviética durante os seus 10 anos de guerra no Afeganistão.
As baixas civis também estão por contabilizar, mas a ONU já confirmou a morte de mais de 5.500 pessoas, alertando, porém, que o balanço será consideravelmente superior.
A guerra também gerou cerca de 12 milhões de refugiados e deslocados internos, segundo a ONU. A Escola de Economia de Kiev avaliou os prejuízos materiais até agora em 113.500 milhões de dólares (mais de 114.200 milhões de euros, ao câmbio de hoje).