Vigília em Lisboa exige libertação de ativistas angolanos
22 de outubro de 2015Não querem que a chama se apague. Querem evitar o silêncio e tudo fazem para pressionar o Governo angolano a libertar os 15 ativistas angolanos presos há cerca de quatro meses, apesar do prazo para a prisão preventiva já ter sido ultrapassado. Por isso, os manifestantes voltaram à rua para mais uma vigília, no Rossio, centro da capital portuguesa, para exigir liberdade já para Luaty Beirão, em greve de fome há mais de um mês, e os seus companheiros.
Várias figuras da vida política e cultural portuguesa juntaram-se à vigília, entre as quais o analista político José Pacheco Pereira. "Acho que a pressão internacional tem um papel. Estes regimes muitas vezes respondem tarde e amas horas. Pode haver algumas concessões agora, mas o problema de fundo é que não há razão nenhuma para estas perseguições políticas".
Para Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda (BE), partido da oposição portuguesa, "o que Luaty Beirão tem feito é enorme do ponto de vista da democracia". O ativista "Luaty Beirão merece ser libertado e enfrentar as suas acusações, que ele vencerá naturalmente na Justiça. E Angola merece ter esta rebeldia e a grandeza destes jovens".
Pela noite dentro, enquanto decorria outra vigília frente ao Consulado no Porto, os manifestantes, apoiados por várias associações da sociedade civil, defensoras dos direitos humanos, repudiaram a prisão dos ativistas angolanos e condenaram a postura do Governo de José Eduardo dos Santos perante este caso.
Amnistia reúne-se com MNE
Presente na vigília esteve a diretora executiva da Amnistia Internacional Portugal. Teresa Pina encontra-se na manhã desta quinta-feira (22.10) com o chefe da diplomacia portuguesa para fazer "um pedido muito concreto" a Rui Machete. A organização quer que o ministro dos Negócios Estrangeiros interceda junto do Governo de Angola a favor da libertação dos 15 ativistas.
"Sendo um caso de direitos humanos e sendo Portugal membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU desde janeiro, tem de estar à altura dos compromisso que assumiu", defende Teresa Pina. Por exemplo, o de "respeitar a universalidade e a indivisibilidade dos direitos humanos", diz.
Não faltam críticas à postura e ao silêncio do Governo português. A indignação dos que se associam às manifestações é clara. De vários quadrantes da sociedade portuguesa, há um voto de condenação e apelo à libertação dos presos, cujo julgamento está marcado para o próximo mês de novembro.
As iniciativas pela libertação dos ativistas políticos multiplicam-se também através de petições, abaixo-assinados e posts nas redes sociais. Esta quinta-feira (22.10) e sexta-feira (23.10), respetivamente frente à Embaixada e ao Consulado de Angola em Lisboa, estão marcadas novas concentrações.