Weltwärts: programa já levou dez mil jovens alemães à África
30 de agosto de 2012
Todos os anos, milhares de jovens alemães vão para Ásia, África e América Latina com o Weltwärts, um programa do Ministério da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento que, desde 2008, os envia para trabalhar em projetos sociais no exterior. Mais de dez mil alemães já participaram do programa, e muitos tiveram a África como destino. Quem participou, garante que valeu à pena.
A estudante de política Ana Schwarz, de 23 anos, participou do Weltwärts. Ela trabalhou por oito meses em uma escola para crianças com deficiência intelectual, no Togo, no Oeste Africano. Foi lá que ela pode ver de perto quais desafios as políticas de desenvolvimento enfrentam como, por exemplo, as consequências dos subsídios da União Européia para a exportação de aves nos mercados africanos.
"Já tinha lido a respeito, mas não acreditava realmente que certas partes do frango - como as asas e outras partes que na Europa não são tão consumidas - são levadas a baixo custo a países africanos, onde são vendidas a preços tão baixos que os produtores locais não podem mais vender sua carne", conta a estudante.
Estudante alemão conta sua experiência no Quénia
Também o estudante de matemática, Jakob Heuke, de 21 anos, foi para a África com o Weltwärts. Ele viveu por um ano no Quênia, dando aulas de matemática e esporte para alunos do ensino fundamental. Lá, os castigos físicos faziam parte da rotina. Ele conta que não foi fácil assitir quando as crianças eram castigadas.
"Um colega meu batia nas crianças em sala de aula, considerando ser esta uma boa medida pedagógica. Aprendi a não culpá-lo pessoalmente, mas tentar de alguma forma entender: Por que ele faz isso? Por que ele acha que é bom? Apesar disso, mostrei também o meu ponto de vista", relata o jovem.
O programa Weltwärts não recebe apenas elogios
Jakob se diz feliz pela experiência. Mas o programa Weltwärts não colhe apenas elogios. Especialistas argumentam que jovens alemães destreinados não podem contribuir para o desenvolvimento de um país. Muitas vezes, os voluntários sabem disso melhor que os próprios especialistas, como revelou Heuke durante um seminário. "Tratou-se primeiramente de persuadir a todos que talvez tenham o objetivo de ajudar, de que não podemos ajudar. E não é disso que se trata."
Para Jakob, mais importante é que os retornados se envolvam nas políticas de desenvolvimento na Alemanha. Ele próprio faz isso na "Estudar Sem Fronteiras", uma organização que visa melhorar as condições da educação em regiões de crise, como o Congo Oriental. Também Anna Schwarz está ativa nas políticas de desenvolvimento, trabalhando na preparação dos voluntários, desde que voltou do Togo. Ela já sabe que a vida em África não é apenas romântica, nem apenas sobre pobreza e desespero.
"Acho que a cobertura sobre África, ou mostra um quadro romantizado - com girafas e elefantes ao pôr do sol – ou, guerras, doenças e miséria. Estas são as duas possibilidades que a cobertura mediática alemã parece ter."
Autora: Mortimer Berger/Cris Vieira
Edição: Melina Mantovani/António Rocha