África em 2025: Luta pela democracia e crescimento
30 de dezembro de 2024Moçambique, que na primeira quinzena de 2025 deverá fazer a transição de poder, continuará nos holofotes da comunidade internacional.
Analistas políticos antevêm que a crise pós-eleitoral continuem no próximo ano, apesar de vários apelos para um diálogo que ponha fim a violência que se vive no país desde 21 de outubro.
Para além de Moçambique, Serwah Prempeh, do Instituto de Investigação de Políticas em África, aponta que a crise das normas democráticas continua preocupante em muitos países africanos. A situação continuará em 2025, alerta a analista, "se não reforçarem as suas instituições para melhorar a integridade e a qualidade das eleições, a transparência e o sistema multipartidário”.
No entanto, o analista sul-africano Daniel Silke concorda que há ainda muitos desafios. Mas vislumbra uma luz no fundo do túnel, prevendo que mais países testemunhem a alternância governativa, tendo como exemplos as Maurícias, o Botsuana e o Senegal, onde a oposição chegou ao poder, em 2024.
"Há progressos em alguns países este ano. Em alguns casos os partidos no poder perderam completamente e tivemos uma transição pacifica de poder”, sublinha.
Mesmo assim, Silke reconhece que há ainda muito por ser feito lembrando que "há o fortalecimento da democracia em alguns países africanos e em outros não”.
Desafios para a África do Sul
A África do Sul vai entrar para 2025 ainda com o desafio de solidificar o seu Governo de Unidade Nacional, formado pela Aliança Democrática (DA), na oposição, e o Congresso Nacional Africano, após a histórica derrota eleitoral do ANC.
Daniel Silke diz à DW que a coligação estará sobre pressão para apresentar resultados: "Temos eleições locais em 2026. Entao, há um grande desafio para os partidos que participam do Governo de Unidade Nacional em mostrar resultados, na frente política e na prestação de serviços, incluindo a criação de empregos.”
A África do Sulencontra-se também numa posição particularmente favorável. Assumiu a presidência do G20 no final de 2024 - o primeiro país africano a fazê-lo. Este facto constitui uma oportunidade para se concentrar mais na luta contra a pobreza, as alterações climáticas, as montanhas de dívidas e o desenvolvimento, a par dos interesses nacionais.
O Presidente Cyril Ramaphosa vê a África do Sul como um porta-voz do continente e do Sul global. Espera que haverá mais oportunidades para isso durante a presidência de um ano do G20, especialmente na cimeira do G20, a 27-28 de novembro de 2025, em Joanesburgo, onde estarão presentes os chefes de Estado de 19 Estados-Membros, bem como representantes da União Europeia (UE) e da União Africana (UA).