Milhares de pessoas fogem de Moçambique para o Malawi
29 de dezembro de 2024Segundo fontes governamentais, cerca de 13.000 pessoas atravessaram a fronteira para o Malawi desde segunda-feira (23.12), dia em que o Conselho Constitucional anunciou os resultados finais das eleições de 9 de outubro que dão vitória ao partido FRELIMO e ao seu candidato presidencial Daniel Chapo.
O anúncio desencadeou uma semana de protestos particularmente violenta, marcada por incidentes de vandalismo, barricadas e pilhagens.
Segundo as autoridades, a maior parte das pessoas cruzaram o sul do Malawi, muitas delas atravessando rios para escapar à agitação.
Dominic Mwandira, comissário para o distrito fronteiriço de Nsanje, no sul do Malawi, disse que cerca de 2500 famílias tinham chegado até à data, alertando para o facto de o número poder vir a aumentar.
“Cerca de 11.000 pessoas atravessaram o rio Shire para entrar no Malawi, enquanto outras 2.000 atravessaram o rio Ruo”, especificou Mwandira.
Vários ministérios do Governo foram postos em alerta e os requerentes de asilo estão a ser alojados em vários locais temporários, acrescentou.
Sob condição de anonimato, um funcionário da agência das Nações Unidas para os refugiados (ACNUR) já fala em situação de emergência.
Essuatíni também recebe moçambicanos
“Dada a complexidade da situação, ainda não verificámos o número exato de chegadas. Os esforços de registo começaram hoje e teremos uma ideia mais clara quando este processo estiver concluído”, disse o funcionário.
“Poderemos então avaliar a forma de os encaminhar para um alojamento mais permanente”, acrescentou a fonte da ONU.
Entretanto, o pequeno Reino de Essuatíni, a sul de Moçambique, registou um afluxo de mais de 350 moçambicanos esta semana, disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Pholile Shakantu.
O número total de chegadas de moçambicanos desde o início dos protestos contra os resultados eleitorais aumentou para 500, acrescentou.
“Os nossos braços estão abertos enquanto país... Queremos tranquilizar e reafirmar o nosso compromisso como país para ajudar os nossos vizinhos de Moçambique”, disse o ministro.
Pelo menos 134 pessoas morreram desde segunda-feira nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique, elevando a 261 o total de óbitos desde 21 de outubro, e 573 baleados, segundo o último balanço feito pela plataforma eleitoral Decide.