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11 de setembro de 2006

Reconhecido como um dos grandes nomes da literatura alemã, o jornalista e historiador Joachim Fest, notório pela biografia de Hitler e pelo livro que deu origem ao filme "A Queda", faleceu em 11 de setembro de 2006.

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Fest: jornalista e historiadorFoto: AP

Marcado pelo passado alemão, que também foi o seu, Joachim Fest ganhou notoriedade em 1973, ano do lançamento de sua biografia sobre Hitler. Desde então, é difícil separar seu nome do resgate da recente história alemã.

Reconhecido como um dos grandes homens da literatura e do jornalismo alemães, Fest faleceu em 11 de setembro de 2006 em Kronberg, no estado de Hessen. Em 8 de dezembro do mesmo ano, o historiador nascido em Karlshorst, subúrbio de Berlim, completaria 80 anos.

Filho de um professor perseguido pelos nazistas, Fest fez da ditadura nacional-socialista e de suas consequências o "tema da sua vida": não por culpa, mas por interesse científico, afirmou. Durante 20 anos, o jornalista pertenceu ao corpo editorial do diário Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ).

E se todos fazem – ego non

De seu pai, um católico convicto e vítima de perseguição nazista, Fest herdou o lema de sua vida, transformando-o no título de seu livro autobiográfico: Eu não. Lembranças de uma infância e adolescência.

Fest explicou à revista Stern que as palavras de Pedro no Evangelho Segundo São Mateus: "E se todos fazem – ego non. Eu não!" marcaram sua infância e adolescência num ambiente familiar que se opôs ao regime de Hitler. "Eu fui criado como um prussiano", afirmava Fest, que fez carreira como um dos grandes intelectuais conservadores da Alemanha pós-guerra.

Da CDU à RAF

Joachim Fest gestorben
Joachim Fest lançou biografia de Hitler em 1973Foto: picture-alliance/ dpa

Após estudar Direito e História, sua carreira teve início na emissora berlinense RIAS, a rádio do setor americano, em 1961. Como redator-chefe da rede pública de televisão NDR entre 1963 e 1968, Fest enfrentou políticos do seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), que pediam por mais influência na rede. Como consequência, ele, que era deputado da CDU pelo distrito berlinense de Neukölln, foi expulso do partido – o que ele realmente não lamentou, afirmou Fest.

Com sua amiga Ulrike Meinhof, que mais tarde se tornaria terrorista da Fração do Exército Vermelho (RAF), Fest afirmou ter tido as discussões mais calorosas: "Eu tive com poucos tanto prazer de discutir como com Ulrike Meinhof. Sempre que nos encontrávamos em uma festa, nos recolhíamos para um canto e falávamos sobre política", declarou o historiador.

Biógrafo ou marqueteiro de Hitler?

No final dos anos de 1960, Fest licenciou-se de seu posto na NDR para escrever o livro que lhe traria notoriedade. Hitler, a biografia publicada por ele em 1973, é considerada ainda hoje uma das principais obras de referência sobre o ditador. No mesmo ano, Fest tornou-se chefe da editoria cultural do FAZ, posto que ocupou até 1993.

Para o grande público, ele talvez seja mais conhecido pela adaptação de seu livro No Bunker de Hitler: os últimos dias do Terceiro Reich para o cinema, que deu origem ao filme A Queda, concorrente ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2005. Fest escreveu ainda a biografia de Albert Speer, arquiteto e ministro da Guerra de Hitler.

Intelectuais de esquerda e outros colegas historiadores consideram, entretanto, a obra de Fest sobre Hitler como "uma estilização do ditador como uma grande personalidade mundial". Entre os muitos prêmios que recebeu está o Prêmio Henri Nannen 2006, outorgado a Fest por sua obra jornalística.

Perguntado sobre a morte pelo semanário Die Zeit, Fest respondeu que uma vida longa também ensinaria que "as coisas sempre têm duas faces. Isso vale também para os pensamentos sobre a mortalidade, aos quais o mundo deve uma série de obras imortais". (ca)