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55 países prometem combater o anti-semitismo

ef29 de abril de 2004

Conferência da OSCE em Berlim condena o anti-semitismo como uma ameaça à democracia e à segurança mundial. Os 55 países-membros aprovaram medidas concretas para combater o preconceito contra judeus.

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600 representantes da OSCE discutem o problema em BerlimFoto: AP

Os quase 600 participantes da conferência da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) defenderam um combate sem trégua a toda forma de intolerância, incitamento ao anti-semitismo e ataques contra os judeus e suas instituições. Prometeram também combater a violência por motivos étnicos ou religiosos. Os representantes da OCSE rejeitaram a tese de ONGs e cientistas de que o sentimento contra judeus teria aumentado entre os imigrantes árabes na Europa Ocidental por causa da política de Israel contra os palestinos.

Na resolução final do seu encontro de dois dias em Berlim, os 55 países da OSCE se comprometeram a lutar para acabar com a violência anti-semita e a discriminação de judeus em todos os setores. Como medidas concretas, eles aprovaram programas de educação, eventos e debates para lembrar o Holocausto e um recenseamento sobre crimes anti-semitas nos países que integram a organização.

Banco de dados

- A OSCE se comprometeu também a apoiar os esforços de organizações da sociedade civil no combate ao anti-semitismo. Cada país-membro deverá juntar informações fidedignas de ataques contra judeus para avaliá-las e divulgá-las, assim como fornecê-las a um banco de dados da OSCE. Para facilitar esta cooperação, deverá ser reforçado o papel do instituto da organização em Varsóvia que se ocupa com instituições democráticas e direitos humanos.

O presidente de Israel, Moshe Katzav, participou da conferência e, juntamente com o seu colega alemão, Johannes Rau, conclamou todos ao combate ao anti-semitismo.

OSZE Antisemitismuskonferenz in Berlin Colin Powell und Joschka Fischer
O chefe da diplomacia norte-americana, Colin Powell (esq), conversa com o seu colega alemão, Joschka FischerFoto: AP

Os 12 membros da delegação dos Estados Unidos qualificaram o resultado dos debate de dois dias como "um sucesso total". A questão agora seria fortalecer a OSCE para combater o racismo e a xenofobia, disse o chefe da delegação e membro do Congresso norte-americano, Benjamin L. Cardin, acrescentando: "Nós deixamos Berlim com mais esperança de que o anti-semitismo possa ser combatido". O chefe do Departamento de Estado dos EUA, Colin Powell, também esteve no encontro.

Obrigação permanente da Alemanha

- O chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder, disse, por sua vez, que o combate ao anti-semitismo continua sendo uma obrigação permanente dos alemães. Numa recepção dos participantes da conferência, o chefe de governo alemão lembrou que no nazismo foram planejados e ordenados em Berlim crimes contra os judeus até hoje inconcebíveis na Europa. Schröder destacou que os crimes nazistas não podem jamais se repetir e que a aspiração máxima dos alemães é por liberdade, tolerância e humanidade. A Alemanha nazista exterminou seis milhões de judeus na Europa durante a Segunda Guerra Mundial.

Schröder advertiu que só meios policiais e judiciais não bastam para combater o anti-semitismo e conclamou toda a sociedade a contribuir para evitar que as ideologias da intolerância e do racismo se propaguem. "Precisamos de formação nas escolas, coragem civil, disposição para engajamento e um diálogo aberto entre pessoas de todas as culturas e religiões" disse ele.

O presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Paul Spiegel, aconselhou um debate especialmente intenso na União Européia, tendo em vista o anti-semitismo tradicionalmente propagado nos oito países do Leste Europeu que integram a comunidade neste 1º de maio. Ele advertiu que a luta contra o anti-semitismo na Europa pode ser muito mais difícil e mais longa do que se imagina. Líderes judeus, cientistas e ONGs temem um aumento do anti-semitismo na UE depois de sua ampliação.