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A economia alemã precisa dos imigrantes

(pc)22 de julho de 2003

Quando a economia vai mal, os alemães costumam pôr a culpa nos imigrantes. Mas na realidade, sem os estrangeiros não haveria o bem-estar social, segundo um estudo do Instituto de Economia da Renânia Vestfália (RWI).

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Cena do filme "O medo devora a alma" (1974), de Rainer Werner Fassbinder, abordando a relação amorosa entre uma alemã e um imigrante

O marceneiro português Armando Rodrigues é uma figura emblemática. Em 1964, ao desembarcar de trem na Alemanha, ele ganhou dos políticos uma pequena moto de presente, por ser o milionésimo imigrante do país após a Segunda Guerra Mundial.

Era a época do "milagre econômico" alemão, que foi construído em grande parte com a mão-de-obra dos operários e trabalhadores braçais estrangeiros, denominados de gastarbeiter. Esta palavra - que significa "trabalhador hóspede" - já define o que os alemães esperavam dos imigrantes: que eles viessem, fizessem o seu serviço e fossem embora de volta para os seus países.

Mas não foi o que aconteceu. Uma grande parte dos "hóspedes", sobretudos os de origem turca, acabaram optando em ficar na Alemanha, embora a integração seja difícil e o governo nunca tenha adotado uma política para estimular a permanência de estrangeiros.

Conseqüências da globalização

Hoje o milagre econômico é apenas uma nostalgia. A Alemanha vive um desemprego crônico (cerca de 4,5 milhões de desempregados) e a economia está constantemente às voltas com o espectro da recessão.

Com a globalização da economia, a mão-de-obra qualificada é atraída para os melhores mercados. Em 2000, o governo federal resolveu finalmente abrir os olhos e lançou o programa "green card" para importar especialistas mundiais em informática.

A iniciativa não teve o efeito desejado por uma série de motivos, desde as dificuldades de idioma até a crise internacional que afetou o mercado de informática. Alguns desses especialistas ficaram desempregados, mas mesmo assim o balanço é positivo.

Bernhard Rohleder, gerente da Federação das Empresas de Informática, Telecomunicação e Novas Mídias (Bitkom), estima que cada imigrante trazido no âmbito do programa "green card" gerou de dois a três postos de trabalhos suplementares nas imediações do seu ambiente profissional.

Ao contrário do que pensa a maioria dos alemães, os imigrantes não tiram emprego de nenhum alemão; pelo contrário, eles contribuem para o desempenho econômico e a criação de novos empregos.

O mito dos imigrantes "aproveitadores"

É muito comum se ouvir dos alemães que a intenção dos imigrantes é tirar vantagem do generoso sistema de seguridade social da Alemanha, o qual garante serviços médicos gratuitos, seguro desemprego e aposentadoria. Mas isto é apenas um mito, na opinião do presidente da RWI, Christoph Schmidt.

Se depender apenas dos alemães, o sistema social irá desmoronar dentro em breve. No momento, cada aposentado na Alemanha é sustentado pelas contribuições de quatro trabalhadores.

Tendo em vista implosão demográfica e o envelhecimento da população a Alemanha precisaria de pelo menos quatro milhões de imigrantes por ano para manter este sistema.