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A reação da imprensa europeia à entrada de Lula no governo

Alexandre Schossler16 de março de 2016

Para "El País", decisão evidencia "fracasso da potência emergente". "Le Monde" afirma que Dilma joga sua última carta. E Tagesschau.de diz que há "agradável efeito colateral" de dificultar investigações por corrupção.

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Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida

A crise política brasileira voltou a ser destaque na imprensa europeia nesta quarta-feira (16/03), com o ingresso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no governo Dilma Rousseff, como chefe da Casa Civil.

O diário francês Le Monde afirma que, "ao nomear o seu mentor, o fundador do PT, à frente de seu gabinete de governo, a presidente Dilma Rousseff joga sua última carta".

O Le Monde lembrou ainda a famosa frase de 1988, atribuída a Lula, de que "quando um pobre rouba, vai para a prisão; quando um rico rouba, vira ministro", afirmando que os inimigos do presidente não se cansam de repeti-la.

Na Espanha, o jornal El País publica análise na qual afirma que "Lula caiu do cavalo" e acrescenta que "o que fica claro é a profunda imersão no fracasso por que a potência emergente passa". Na matéria que relata a entrada do ex-presidente no governo, o diário escreve que "Lula será o ministro mais importante de Dilma Rousseff" e lembra que o ex-presidente, "acusado no caso Petrobras", passa a ter foro privilegiado.

"Lula está de volta. O carismático presidente que governou o Brasil de 2003 a 2010 regressa ao epicentro do poder: será ministro da Casa Civil, um posto equivalente ao de primeiro-ministro, no convulsionado e atordoado governo de Dilma Rousseff, a mulher que ele mesmo elegeu para sucedê-lo. Mas Lula volta em circunstâncias muito distintas às de quando se foi", escreve o El País.

A emissora britânica BBC afirma que Lula será o "chefe de gabinete de Rousseff" e lembra que a indicação "protege Lula de um possível processo por um juiz federal que investiga um amplo escândalo de corrupção chamada Operação Lava Jato".

Na Alemanha, o site de notícias Tagesschau.de afirma que houve uma "reviravolta surpreendente no Brasil: o ex-presidente Lula deverá ajudar a presidente Rousseff a permanecer no cargo". A matéria afirma que Lula terá um cargo "muito influente no governo", com o "agradável efeito colateral" de que as investigações por corrupção, das quais ele é alvo, "serão dificultadas".