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A vida segundo Rosenstolz e Enik

Rodrigo Rimon15 de março de 2006

Rosenstolz lança álbum novo após um ano de pausa – Enik mostra do que é capaz em disco de estréia – Prêmio Echo leva artistas a Berlim – Oomph! enfrenta censura das rádios – Alemanha envia banda country ao Eurovision

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Duo berlinense chega à maturidade

Echo repete o eco

Março é mês de premiação na música pop alemã. Pela 15ª vez, foram entregues os Echo Awards, prêmios máximos da indústria fonográfica do país. Máximo naquelas, já que o critério decisivo na escolha dos "melhores" é a venda de discos. Mesmo assim, a organização se gaba de produzir "o segundo maior prêmio musical do mundo, atrás apenas do Grammy".

Preisverleihung Echo 2006 Shakira
A columbiana ShakiraFoto: AP

Seja como for, o evento não deixa de chamar a atenção, já que artistas nacionais e internacionais dão a Berlim o luxo de sua presença. Neste ano não foi diferente, aliás com um gostinho latino-americano: Shakira e Juanes cantaram ao vivo, também Kelly Clarkson e Melanie C.

Certas coisas não mudam: Robbie Williams ganhou pela quinta (!!) vez o Echo de Melhor Artista Internacional. Madonna, Coldplay, 50 Cent e James Blunt tampouco teriam saído de mãos vazias, se estivessem presentes.

Preisverleihung Echo 2006 Die Band Wir sind Helden
Wir sind Helden: Melhor Grupo de Rock/Pop NacionalFoto: AP

Quanto aos alemães, foram premiados – entre outros – Wir Sind Helden, Christina Stürmer, Rammstein, Bushido e Tokio Hotel (todos já retratados na DW Antena, diga-se de passagem!).

Jesus Cristo: superstar ou não?

No ano passado, o Oomph!, emplacou um hit no primeiro lugar da parada alemã e ganhou um disco de platina. Neste ano, de álbum novo, o trio de Wolfsburg deveria tocar seu novo hit Gott ist ein Popstar ao vivo durante a premiação do Echo. Deveria, leia-se bem. Pois a organização achou que a faixa era provocativa demais e cancelou a apresentação da banda.

RTL lädt Popband Oomph! von Echo-Verleihung aus
Oomph!: persona non grataFoto: picture-alliance / dpa/dpaweb

No clipe da música, cuja letra diz "Eu dou amor a vocês, dou esperança, mas só aparentemente, pois a massa quer ser enganada", dois executivos de terno descem de uma Mercedez e recolhem do lixo uma triste figura que se parece com Jesus.

A atitude conservadora foi adotada por diversas emissoras de rádio e TV, tanto privadas quanto de direito público. A rádio jovem da WDR, por exemplo, excluiu a música de sua programação, que "proíbe a ofensa a sentimentos religiosos". Teriam as discussões sobre as caricaturas de Maomé e as fronteiras da arte e da sátira finalmente chegado à música pop?

Música country alemã em Atenas

Vorentscheid für Eurovision Song Contest - Vicky Leandros
Vicky LeandrosFoto: picture-alliance/dpa

Não, a grande dama da música folclórica alemã, Vicky Leandros, não representará a Alemanha em Atenas. Mesmo que a simbiose seja perfeita – ela é grega, mas vive na Alemanha – os votos não bastaram para que a cantora conseguisse um duro comeback. Pior: ela ficou em terceiro e último lugar na votação do público.

Vorentscheid für Eurovision Song Contest - Thomas Anders
Thomas AndersFoto: picture-alliance/dpa

Em segundo, ficou Thomas Anders, ex-vocalista do ex-duo Modern Talking, que de moderno também já não tem mais nada e neste sentido também é ex-Modern Talking. Anders teve de lidar não apenas com a resistência do público de casa, mas também com falhas técnicas: três vezes, ele teve que começar a cantar sem acompanhamento musical, até que perdeu a paciência e gritou: "Eu também posso cantar a capella, se vocês quiserem!". Pelo amor de Deus, não!

Vorentscheid für Eurovision Song Contest - Texas Lightning
Texas LightningFoto: picture-alliance/dpa

A vencedora da noite, que representará a Alemanha em Atenas e quem sabe trará a cerimônia para Berlim, é a banda de música country Texas Lightning, cujo baterista é o conhecido e premiado apresentador de televisão Oli Dittrich, o "Dittsche".

A música dos quatro rapazes de Hamburgo acompanha a voz – impecável para o estilo – da australiana Jane Comerford. Aliás, embora a banda seja famosa em Hamburgo por suas covers, No No Never foi a primeira música de autoria própria que eles jamais tocaram.

Leia mais na próxima página sobre a estréia de Enik em disco e sobre o novo álbum do Rosenstolz.

Enik: a vida teatralizada

Será muita coisa ao mesmo tempo? Terá um artista que reunir todas as suas referências musicais em um único disco, que, imediatamente a partir de sua data de lançamento, lhe servirá de cartão de visitas? Não mesmo. Esse tipo de coisa nunca dá certo, dirão alguns.

Enik

A prova do contrário é Enik. Aos 25 anos, o músico de Munique lançou seu álbum de estréia The Seasons In Between, no qual se esforça em provar tudo o que pode: autodidata, aprendeu sozinho a tocar guitarra, baixo e percussão.

No começo de 2004, Enik emprestou sua voz a uma música do último álbum do duo eletrônico Funkstörung, Disconnected. Se, por um lado, a parceria ajudou a banda a sair do porão da eletrônica e a finalmente conquistar alguns fãs na estratosfera pop, por outro foi o primeiro registro de Enik, que lançou logo em seguida seu primeiro EP.

Enik

As 14 músicas deste novo disco são um pesadelo para puristas. Cada uma delas tem – pelo menos! – um estilo, varrendo categorias como pop, rock, jazz, blues, eletrônico, juntando instrumentos como cello e violino ao saxofone e à trompeta.

Tanto na forma de compor – Enik escreve suas músicas sozinho – quanto no timbre de voz, ele lembra Peter Gabriel, David Bowie e, às vezes, até Prince. The Seasons In Between revela os passos de Enik para chegar até aqui, mas de forma alguma antecipa quais passos ele dará no futuro.

Rosenstolz: a grande vida

Eles nunca foram vistos como uma banda cool. Demorou até que o grande público abrisse os ouvidos (e as carteiras) para o duo Rosenstolz, cujo nome lembra algo entre muito drama e muito luxo. Mas nenhum desses elementos algum dia desempenhou um papel determinante na carreira da banda. Pelo contrário, eles tinham, quando começaram, mais elementos do velho teatro de variedades que dos grandes estádios que eles hoje lotam. No último ano, até trilha de cinema eles puderam fazer (vide a música Willkommen, no filme Sommersturm).

Duo Rosenstolz
Foto: AP/Polydor

Depois do sucesso do último álbum Herz, o duo berlinense, formado por Peter Plate e AnNa R., volta com o décimo disco, intitulado Das grosse Leben (A grande vida). A crítica, que sempre caiu matando no trabalho da banda, recebeu de braços abertos a mudança no estilo.

Muito do que eles sempre criticaram na música do Rosenstolz – referências à mofada Neue Deutsche Welle dos anos 80, tentativas de rock que soavam fora do lugar, vulgaridade como prova de serem descolados ­– deu lugar a baladas sossegadas, daquelas que sempre acabam nas paradas de sucesso e tratam das pequenas aventuras do cotidiano de quem quer que seja. Para a crítica alemã em geral, a grande vida é o grande disco da banda. Um sinal de maturidade.

O público também gostou: o disco entrou direto na primeira posição da parada na Alemanha e na Áustria, e em 10º lugar na Suíça.