Herança da 2ª Guerra
6 de fevereiro de 2008Não há mais impedimento à concretização dos planos do governo alemão de estabelecer em Berlim um "sinal claro contra a fuga e o exílio". Em encontro realizado em Varsóvia na terça-feira (05/02), o ministro alemão da Cultura, Bernd Neumann, apresentou o projeto de realização de uma exposição permanente na capital alemã tematizando os desterros em conseqüência da Segunda Guerra Mundial.
A conversa "muito franca e em atmosfera amigável" com Wladyslaw Bartoszewski, assessor do primeiro-ministro Donald Tusk, foi capaz de afastar as objeções da Polônia aos planos. O governo polonês não tem a intenção de "participar formalmente do projeto", no entanto a colaboração de historiadores poloneses não está excluída, declararam ambos após o encontro.
"Sinal claro" nas proximidades da Potsdamer Platz
O tema tem sido motivo de controvérsias entre os dois países desde que a Federação dos Desterrados Alemães lançou, em 2000, a iniciativa de construção de um Centro dos Desterrados. A Polônia via nos planos a tentativa de relativização da culpa da Alemanha na Segunda Guerra Mundial.
A exposição permanente a ser instalada nas proximidades da Potsdamer Platz em cooperação com o Museu Histórico Alemão se centrará no desterro de 12 milhões de alemães da Prússia Oriental, da Silésia, da Pomerânia e dos Sudetos, mas abordará aspectos europeus mais amplos de fuga e exílio forçado. O ministro Naumann acentuou em Varsóvia ser intenção do governo alemão "apresentar o contexto histórico, considerando também a deportação da população polonesa".
Outros projetos bilaterais de resgate da memória
Naumann e Bartoszewski acertaram ainda que os dois países trabalharão em conjunto em outros projetos na Polônia relativos à Segunda Guerra. Assim, a Alemanha participará da restauração do memorial na Westerplatte, em Gdansk, por ocasião dos 70 anos do ataque da Alemanha à Polônia em 1º de setembro de 1939.
Os alemães colaborarão ainda nos preparativos de um Museu da Guerra e da Paz no século 20, a ser instalado também em Gdansk. A idéia para este projeto havia sido apresentada pelo premiê polonês Donald Tusk a Angela Merkel, quando a visitou em Berlim em dezembro passado.
Berlim e Varsóvia querem reativar ainda a idéia lançada pelo governo alemão anterior de uma Rede Européia Lembrança e Solidariedade. O projeto, que deverá ter sede em Varsóvia, se dedicará à pesquisa, com participação de alemães, poloneses, tchecos e húngaros, devendo tornar-se um "fórum importante do diálogo histórico europeu", nas palavras de Naumann e Bartoszewski. (lk)