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Adolescente instável

mw3 de julho de 2003

Para baixo nos últimos tempos, DAX volta a olhar para o alto ao completar seus 15 anos. Analistas acham, entretanto, que passado o entusiasmo do último trimestre, o adolescente viverá novos dias de depressão.

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Foto: AP

Ao nascer em 1º de julho de 1988, poucos apostariam que o DAX pudesse se tornar referência nacional e internacional do caminhar da economia alemã. O debutante conseguiu a façanha. Muitos produtos financeiros (mercado de opções e de futuros, fundos de investimentos e outros) orientam-se pelo principal índice da Bolsa de Frankfurt e do país. Seus antecessores, os índices Hardy (1959) e do Börsen-Zeitung (1981), jamais tiveram este status.

O DAX não reflete entretanto todo o cenário empresarial do país, adverte Frank Hartmann, da Deutsche Börse, proprietária das principais bolsas de valores da Alemanha. O maior exemplo: o império de comunicação Bertelsmann, que resiste a colocar suas ações no pregão de Frankfurt. O índice espelha o valor de 30 empresas que formam na verdade cerca de 85% do mercado acionário alemão. Siemens, Deutsche Bank, Deutsche Telekom, Volkswagen, Allianz e Basf são algumas delas.

Sobe, sobe, sobe, desce...

Cotado no momento entre 3200 e 3250 pontos, o DAX nasceu com 1163,52, após ter sido fecundado seis meses antes com o valor redondo de mil. Desde então, com exceção de raros períodos, o índice praticamente só subiu na vida. Após a reunificação alemã, o menino galopou rapidamente as marcas dos 2000, 3000 e 4000 pontos. Em 7 de março de 2000, atingiu o auge, com 8136,16 pontos. O início de sua adolescência coincidiu com a estagnação da economia alemã e o garoto entrou em depressão.

Com a guerra no Iraque, o DAX voltou enfim a despertar e a surpreender os próprios corretores. Em pouco tempo, o garoto esqueceu as incertezas econômicas, a alta do preço do petróleo e a crise da SARS. De abril a junho, o índice saltou 32%, fechando o semestre com uma inesperada valorização de 12%. O carro-chefe do período foi o Commerzbank, cujas ações subiram 65%. Na contramão, frearam a resseguradora Münchner Rück (-21%) e o conglomerado de turismo TUI (-20%).

Coordenador do fundo de ações da corretora Frankfurt-Trust, Friedrich Diel não acredita na continuidade do bom humor do rapaz. Ele precisaria de novos incentivos para seguir olhando para cima. Os observadores não apostam nisto e aguardam o retorno do marasmo.

Adolescente já passou por terapia

Hartmann, da Deutsche Börse, não aceita críticas ao comportamento do filho. "Ele é apenas um índice." Se as empresas vão bem, ele também vai – e vice-versa. Franz-Josef Leven, do instituto DAI, defende igualmente o rapaz: "Afinal a reação de uma pessoa ao calor é 'puxa, como está quente' e não 'puxa, meu termômetro é ruim'."

Mesmo assim ele mereceu cuidados especiais quando esteve em seus piores dias. A Deutsche Börse introduziu novas regras, dentre as quais a necessidade de as empresas cotadas no DAX terem capital pulverizado e não concentrado nas mãos de grandes investidores. A medida derrubou o conglomerado industrial Degussa, um dos mais antigos integrantes do índice, mas abriu caminho para a entrada dos correios Deutsche Post, da financeira MPL e do grupo farmacêutico Altana.

A troca de empresas no DAX é motivo de boatos freqüentes. O valor e o faturamento de uma empresa na bolsa são critérios decisivos. No dia em que se bate o martelo, uma companhia de fora do índice precisa estar, no mínimo, entre as 35 melhores colocadas em ambos os critérios para ser promovida à elite. No momento, há falta de candidatos à ascensão, especialmente se comparados com aqueles à exclusão.