Agrava-se a crise no futebol alemão
6 de julho de 2004A crise no futebol alemão continua grave. O choque da notícia da renúncia de Rudi Völler como técnico da Seleção Alemã mal havia sido superado. Pois poucas horas após a desclassificação da equipe, ainda na primeira fase da Eurocopa, tudo levava a crer que se tratava de cartas marcadas: já começavam os rumores em torno do nome de Ottmar Hitzfeld, ex-Bayern de Munique, para encaminhar Kuranyi & Cia rumo à Copa de 2006.
Para surpresa geral, quando todos já contavam com o anúncio do novo treinador, o próprio Hitzfeld demonstrou ter sido pego de supetão e anunciou não estar à disposição. Imediatamente, iniciou-se um debate sobre a forma arrogante como o presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), Gerhard Mayer-Vorfelder, conduziu a busca pelo sucessor de Völler. Sem outra saída, ele teve de convocar, às pressas, uma reunião de emergência da diretoria da DFB.
Presidente à deriva
Em seis horas de reunião na noite desta segunda-feira (5/7), ao invés de analisar nomes para a sucessão de Völler, os cartolas do órgão supremo do futebol alemão — que tem mais de seis milhões de associados — começaram a puxar o tapete do presidente. Para evitar um vexame maior, Mayer-Vorfelder, de 71 anos, teve de ouvir críticas, mas foi mantido no cargo.
Talvez não por muito tempo, pois na mesma reunião foi anunciada a candidatura de Theo Zwanziger, de 59 anos, para a votação prevista durante a assembléia regular da DFB, a 23 de outubro. O tesoureiro da Federação e membro do comitê organizador da Copa 2006 tem o apoio da maioria das associações esportivas do país. Para amenizar a situação e não parecer que o presidente fora "destituído", uma comissão foi encarregada de buscar um candidato de consenso.
Comissão para sondar candidatos a técnico
Também na noite desta segunda-feira, foi constituída uma comissão, que recebeu duas semanas para apresentar um novo técnico para a Seleção vice-campeã mundial. Este grupo é formado por Horst Schmidt, secretário-geral da DFB, Werner Hackmann, presidente da Liga Alemã de Futebol (DFL), o influente Franz Beckenbauer, presidente do comitê organizador da Copa, e o próprio Mayer-Vorfelder.
O candidato ideal é Otto Rehhagel, de 65 anos, que conduziu os gregos na conquista da Eurocopa, em Portugal, domingo último. Resta saber se ele tem interesse, agora que está por cima da carne seca e dificilmente Atenas o deixará partir antes de 2006.
Também estrangeiros cotados
Entre os possíveis candidatos estão Christoph Daum, atualmente na Turquia, mas com pouquíssimas chances, devido aos escândalos que envolveram seu nome ao consumo de cocaína. E Lothar Mättheus, treinador da Hungria, ou mesmo Winfried Schäfer, técnico de Camarões. Inclusive estrangeiros têm chances, "desde que falem alemão", destaca Mayer-Vorfelder.
Especula-se, por exemplo, em torno de nomes como o do francês Arsène Wenger (atualmente no Arsenal de Londres) e de Morten Olsen, da seleção dinamarquesa. Mas o escolhido pode também ser alguém da arqui-rival Holanda, como Guus Hiddink (Eindhoven).
Seria algo como a Seleção Brasileira ser treinada por um argentino!